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70% da população mundial praticou atos de bondade, mostra relatório

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O mundo pode parecer frio, assustador e cruel, mas se você estiver aberto a enxergar, há muita bondade, segundo um novo estudo.

O Relatório Mundial da Felicidade, divulgado anualmente no Dia Internacional da Felicidade — celebrado nesta quinta-feira (20) — é uma análise global sobre felicidade e bem-estar em parceria com a Gallup, o Centro de Pesquisa de Bem-estar da Universidade de Oxford e a Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

O relatório deste ano dedicou atenção especial aos atos de benevolência e às expectativas das pessoas em relação às suas comunidades.

O que são atos de benevolência? O relatório os dividiu em três categorias: doar dinheiro, fazer trabalho voluntário e fazer algo agradável para um estranho.

Com base nos dados, 70% da população mundial fez pelo menos uma boa ação no último mês, segundo o relatório.

“Esse é um número realmente muito alto”, afirma Felix Cheung, coautor do relatório e professor assistente de psicologia da Universidade de Toronto e Presidente de Pesquisa do Canadá em Bem-estar Populacional. “Devemos olhar para esse número e nos sentir muito bem. Sete em cada 10 pessoas ao nosso redor fizeram algo legal no mês passado.”

Essa tendência de fazer boas ações diminuiu em relação ao pico durante a pandemia de Covid-19, mas ainda é uma melhoria em comparação com os números pré-lockdown, segundo o relatório.

“Mesmo que o mundo pareça um lugar bastante difícil agora, é bom saber que as pessoas estão se envolvendo em atos gentis e generosos”, afirma Lara Aknin, professora de psicologia social da Universidade Simon Fraser na Colúmbia Britânica e editora do Relatório Mundial da Felicidade.

Há evidências de que fazer boas ações ajuda tanto o beneficiário quanto o doador a se sentirem mais felizes, e a benevolência pode ser um passo fundamental para melhorar sua própria felicidade e a felicidade geral nos Estados Unidos, que continua caindo na lista dos países mais felizes, segundo Ilana Ron-Levey, diretora administrativa do setor público da Gallup.

Fazer o bem é bom

Fazer uma doação, realizar uma hora de trabalho voluntário ou se envolver em algum outro pequeno ato de bondade pode parecer insignificante na lista de grandes coisas que fazem uma vida feliz, mas os dados dizem o contrário, segundo Ron-Levey.

“Atos de generosidade preveem felicidade ainda mais do que ganhar um salário mais alto”, afirma.

Um experimento recrutou uma amostra de participantes em campi universitários para relatar sua felicidade inicial. Os pesquisadores então deram a eles uma pequena quantia de dinheiro –– cerca de $2 a $5 –– e disseram para gastá-la consigo mesmos ou com outra pessoa, acrescenta.

“Então medimos as reações emocionais imediatas das pessoas”, afirma Aknin. “Em geral, descobrimos em quase todos os nossos estudos que as pessoas designadas aleatoriamente para gastar de forma generosa relatam sentir níveis mais altos de felicidade do que pessoas que gastam consigo mesmas.”

O padrão foi semelhante em outros países , como África do Sul, Uganda e Índia.

“Somos uma espécie super social”, diz Aknin, “e argumentamos que atos de generosidade ajudam a construir e sustentar essas conexões.”

A “lacuna de empatia”

Dado o número de pessoas que fazem boas ações, as expectativas de benevolência são geralmente baixas, segundo Aknin.

Para entender como as pessoas percebem os níveis de bondade ao seu redor, os pesquisadores perguntaram se as pessoas esperavam que uma carteira perdida fosse devolvida a elas, segundo Cheung. Os pesquisadores dividiram a pesquisa verificando se as pessoas esperavam que um vizinho, a polícia ou um estranho devolvesse a carteira.

“Os EUA ocupam o 17º lugar no mundo em acreditar que um vizinho devolveria uma carteira perdida, 25º lugar em acreditar o mesmo da polícia, mas ocupa apenas o 52º lugar em acreditar que um estranho devolveria uma carteira, o que realmente sugere algum desgaste da coesão social”, afirma Ron-Levey.

As pessoas eram mais propensas a acreditar que um vizinho ou policial devolveria uma carteira perdida se encontrada, mas a crença em um estranho é um barômetro de confiança, de acordo com Aknin.

“O estranho devolvendo uma carteira perdida é realmente muito importante em termos dessa confiança em sua sociedade”, afirma. Os pesquisadores conseguiram comparar as expectativas com a realidade.

Em estudos anteriores, pesquisadores foram a diferentes cidades ao redor do mundo, deixaram carteiras caídas e analisaram as taxas de devolução das carteiras em comparação com o que as pessoas naquela cidade relataram acreditar que aconteceria, acrescenta.

Quase todos os lugares subestimaram drasticamente a probabilidade de a carteira ser devolvida por um estranho. A disparidade é chamada de “lacuna de empatia”, acrescenta Aknin.

Por exemplo, cerca de um terço das pessoas esperava que uma carteira perdida fosse devolvida nos EUA, enquanto dois terços dessas carteiras realmente foram, diz Cheung.

Faz sentido que uma lacuna de empatia maior teria um impacto negativo na felicidade, completa Aknin.

“Se assumirmos o pior dos outros, isso molda como interagimos com o mundo”, afirma Aknin. “Se esperarmos o pior dos outros, andamos pelo mundo com medo, e isso importa para nosso próprio bem-estar.”

Por que construir uma comunidade

A boa notícia é que a lacuna de empatia pode ser eliminada, de acordo com Aknin.

“Não estamos pedindo às pessoas que tenham expectativas irrealmente otimistas”, afirma Cheung. Mas se você “desenvolver essa confiança e puder esperar esse nível de bondade, você será muito mais feliz.”

O relatório mostra que a percepção das pessoas sobre a bondade dos outros melhorou quando elas assumem riscos sociais, segundo Aknin.

“Quando fazem isso, percebem que a maioria desses riscos é recebida com bondade e positividade”, afirma.

A pesquisa de Aknin também mostrou as melhores maneiras de realizar atos benevolentes para obter o impulso de felicidade. Ela chama isso de três C’s.

Em seus atos gentis, você deve se conectar com os outros, segundo Aknin. Por exemplo, é mais provável que você obtenha um impulso maior levando alguém para tomar café do que enviando $5 para a pessoa tomar café sozinha.

“O tempo social é bastante crítico, ou essa conexão face a face pode fazer uma grande diferença”, acrescenta Aknin.

O segundo C é para escolha, significando que se sente melhor quando você age de maneira gentil ou generosa porque quer, não porque se sente obrigado a fazê-lo.

O último é para um claro senso de impacto positivo. Fazer algo cujo impacto você pode ver ou doar para uma causa cujo benefício você pode observar provavelmente lhe dará mais satisfação, diz Aknin.

Outra métrica que pode contar parte da história sobre a conexão entre bondade e felicidade é a taxa de pessoas comendo sozinhas, segundo Ron-Levey. “Mesmo considerando o tamanho do domicílio, comer sozinho está ligado a uma menor satisfação com a vida”, afirma.

O compartilhamento de refeições tem diminuído: um em cada 4 americanos relatou comer todas as suas refeições sozinho no dia anterior –– um aumento de 53% desde 2003, de acordo com Ron-Levey.

“Essas coisas estão todas conectadas”, acrescenta. “Se você está comendo sozinho na maior parte do tempo, se não tem alguém com quem contar em um momento de necessidade, se está perdendo a confiança nas instituições e em sua comunidade, isso provavelmente levará a menos atos benevolentes, que, por sua vez, afetam sua felicidade.”

Esses fatores somam para o isolamento e falta de conexões sociais, que podem afetar sua felicidade, orienta Ron-Levey.

Mas essa falta de comunidade não é verdade em todo lugar. Um senso de comunidade e conexão social é “uma das explicações mais importantes de por que a Finlândia e os países nórdicos permanecem no topo dos rankings de felicidade ano após ano”, acrescenta.

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Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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