Somente quatro de 12 cidades do entorno atendem recomendação da OCDE, de no mínimo 3 médicos a cada mil habitantes

A maioria das cidades da região de Mar02141lia têm apenas um ou dois médicos por mil habitantes trabalhando no serviço público. O recomendado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de, no mínimo, três médicos a cada mil moradores. Nas 12 cidades do entorno, apenas quatro atingem essa recomendação e oito estão abaixo dela. Marília é uma das piores, com apenas 1,5 médicos a cada mil habitantes. A melhor é Echaporã, com 4 médicos para cada mil habitantes.

O estudo do Instituto República.org, com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), leva em consideração o número de médicos no período de 2018 a 2021 e vai ao encontro da Demografia Médica Brasileira, publicada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em fevereiro deste ano, que já havia mostrado desigualdade na distribuição de médicos pelo País: com concentração de doutores em grandes centros e dificuldades de contratação nos menores municípios.

Os dados mostram como Marília perdeu assistência e deixou sua população sem médicos. Em 2018 eram 1.174 atendendo via Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2019 caiu para 273, em 2020 subiu para 283 e em 2021, último ano analisado, eram 365 médicos contratados pelo SUS para atender toda a população de Marília, resultando em 1,5 médicos para cada mil habitantes. Quem sofre é a população, que fica mais tempo à espera de uma consulta com um especialista.

A quantidade de médicos nas cidades vizinhas menores é pequena, mas comparada com o número de habitantes, se torna mais proporcional do que na maior cidade da região. O total de médicos por cidade em 2021 era de 29 em Vera Cruz, 94 em Garça, 14 em Júlio Mesquita, 6 em Álvaro de Carvalho, 7 em Lupércio, 6 em Alvinlândia, 40 em Pompeia, 9 em Oriente, 4 em Ocauçu, 9 em Oscar Bressane e 25 em Echaporã.

Na proporção com a população assistida de cada cidade, o total de médicos por mil habitantes em 2021 foi de 2,8 em Vera Cruz, 2,2 em Garça, 3,2 em Júlio Mesquita, 1,2 em Álvaro de Carvalho, 1,7 em Lupércio, 2 em Alvinlândia, 1,9 em Pompeia, 1,4 em Oriente, 0,9 em Ocauçu, 3,6 em Oscar Bressane e 4 em Echaporã.

O estudo do Instituto República. org, que mantém um painel baseado em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, também revela que no Brasil, quase 1.800 municípios tem menos de um médico para cada mil habitantes no serviço público.

As dez cidades com menores taxas estão nas regiões Norte e Nordeste. Enquanto as dez maiores taxas estão nas regiões Sul e Sudeste.

A falta de infraestrutura e a questão salarial são apontados como razões para a dificuldade em reter médicos em cidades menores.

O Ministério da Saúde vem adotando ações urgentes para fortalecer a Atenção Primária, como a abertura de 5.900 vagas no Mais Médicos e um edital de coparticipação com os municípios com mais de 10 mil vagas.

Publicação original JC 29/09/32