Refugiados, soldados congoleses que se renderam e caminhoneiros retidos se aglomeraram na fronteira de Ruanda nesta terça-feira (28), na esperança de alcançar a segurança após os rebeldes capturarem a cidade congolesa vizinha de Goma e os levarem a fugir.
Tiros e explosões podiam ser ouvidos de Goma no final da segunda-feira e no início da terça-feira no distrito de Rubavu, na fronteira nordeste de Ruanda com a República Democrática do Congo.
Durante toda a noite, pessoas esperaram no lado congolês da fronteira, carregando colchões e os poucos pertences que puderam pegar, enquanto combatentes do M23, apoiados por Ruanda, avançavam sobre Goma.
Ao amanhecer desta terça-feira, Ruanda começou a admiti-los, alguns com as mãos erguidas em agradecimento enquanto atravessavam a fronteira.
“Vimos e ouvimos coisas terríveis. Cadáveres, tiros, bombas”, disse Alois Emmanuel Bebe, um caminhoneiro tanzaniano que faz parte de um grupo de 47 motoristas que buscaram refúgio em Ruanda após serem isolados pelos combates no leste do Congo.
Uma escalada da insurgência de três anos no Congo desde o início do ano forçou cerca de 400 mil pessoas a deixarem suas casas.
Como em crises de segurança anteriores na região devastada pelos rebeldes, alguns refugiados se dirigiram a Ruanda, mesmo quando o Congo e as Nações Unidas acusam o vizinho de alimentar o conflito com suas próprias tropas e armas.
Carregando pacotes coloridos, as famílias esperavam nesta terça-feira para serem registradas em um centro de recepção de refugiados ao ar livre na cidade fronteiriça de Gisenyi, em Ruanda. Crianças pequenas se agarravam às saias de suas mães, algumas das quais também com bebês amarrados às costas ou à frente do corpo.
Em outro lugar, as autoridades de Ruanda processaram vários soldados congoleses.
Em um grande salão em Gisenyi, dezenas de homens sentaram-se no chão sob a vigilância de membros da Força de Defesa de Ruanda. Alguns usavam botas do Exército e uniformes com a insígnia congolesa, enquanto outros estavam em trajes civis. Alguns receberam tratamento para cortes e ferimentos leves.
O embaixador regional de Ruanda, Vincent Karega, disse que 102 soldados congoleses se renderam ao atravessar voluntariamente para Ruanda na segunda-feira.
“Mais soldados continuam a atravessar hoje. Eles fogem das batalhas”, disse ele à Reuters, acrescentando que seriam tratados como outros refugiados, uma vez desarmados e registrados.
“Eles voltarão para casa quando lhes convier, ou decidirão se exilar em Ruanda ou em outro lugar.”
Ainda não está claro quantos cidadãos e soldados fugiram para Ruanda nos últimos dias. Os cidadãos congoleses representavam mais de 56% dos 114.461 refugiados no país em novembro, de acordo com a agência de refugiados da ONU.
O governo congolês não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br