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Longevidade: por que focar na qualidade e não só quantidade de anos vividos

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Mais do que viver muitos anos, uma das principais preocupações atuais é que esses anos sejam bem vividos. Afinal, de que adianta viver muito se os dias forem marcados por doenças incapacitantes ou baixa qualidade de vida?

Para responder à pergunta, a CNN conversou com diferentes especialistas em longevidade para entender por que os profissionais da área, assim como pessoas comuns, estão voltando sua atenção para a qualidade dos anos vividos e não apenas para a quantidade. Confira!

O que é longevidade

É comum que se confunda a longevidade com outro termo bastante conhecido: a expectativa de vida. Esse conceito técnico, no entanto, refere-se ao número médio de anos de vida esperado para um recém-nascido em um determinado espaço geográfico (um país, cidade, bairro e etc.), mantido o padrão de mortalidade da população.

Atualmente, a expectativa de vida do Brasil é de 76,4 anos (73,1 para homens e 79,1 para mulheres), mas já foi de 45,5 anos na década de 1940, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A longevidade, por outro lado, diz respeito à forma como esses anos vividos serão aproveitados. “Estamos falando da existência da pessoa e não apenas de números ou da duração de sua vida”, explica Milton Crenitte, diretor técnico Centro Internacional de Longevidade Brasil, e que possui ampla experiência como consultor em longevidade pela Unesco no país.

É possível medir a longevidade?

Mas como saber se uma pessoa está, de fato, tendo qualidade de vida? Atualmente, alguns indicadores ajudam a responder essa pergunta. Um deles é o chamado “Disability Adjusted Life Years” (DALYs) ou “Anos de vida ajustados por incapacidade”.

Usado a nível global, inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde a década de 1990, o DALY é uma métrica que aponta para um ano de vida saudável perdido por uma doença incapacitante.

“Quando se tem uma enfermidade que leva a uma morte prematura, perde-se um ano de vida. Logo, pede-se um ano de vida saudável porque morre-se mais cedo. Entretanto, algumas doenças podem fazer com que a pessoa não morra, mas fique debilitada na cama e sem conseguir fazer nada e isso também faz com que ela perca um ano de vida”, explica Ricardo Vasserman, CEO da Mar Saúde, startup voltada para soluções digitalizadas de detecção precoce de doenças.

Segundo o estudo global Burden of Disease (“Fardo das doenças”, em tradução livre), que usa o DALYs como parâmetro, o Brasil perde, em média, 0,33 anos saudáveis por habitante. As principais causas são doenças cardiovasculares, câncer, condições musculoesqueléticas, transtornos mentais, entre outras patologias.

Cuidados não devem ser restritos a idosos

A mudança do olhar quantitativo para o qualitativo dos anos vividos, segundo Crenitte, está diretamente ligada à compreensão de que o acesso a direitos sociais é essencial para garantir uma boa qualidade de vida na maturidade.

Além disso, nota-se uma evolução na forma como as pessoas enxergam o cuidado com o próprio corpo. Se antes o objetivo era apenas viver muitos anos, agora a meta é viver muitos anos com qualidade. E esse cuidado não deve se limitar à população acima dos 60 anos.

Décadas atrás, os consultórios médicos eram predominantemente frequentados por pacientes com idade mais avançada ou debilitados, muitas vezes enfrentando imobilidade e múltiplas doenças sem controle adequado. Nos últimos anos, porém, percebe-se um aumento da conscientização tanto por parte da população, que busca cuidados preventivos de forma mais precoce, quanto por parte dos médicos, que têm direcionado pacientes para uma abordagem mais ampla e preventiva com o geriatra.

Ana Carolina Garcia e Garcia, geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, observa um movimento crescente de pacientes mais jovens que procuram atendimento especializado. Segundo ela, médicos de outras frentes também têm encaminhado pacientes para um acompanhamento integral.

“Houve um aumento no número de homens entre 50 e 60 anos que procuram espontaneamente o geriatra, sem a necessidade de serem levados por esposas ou filhos. Além disso, estamos vendo um crescimento na procura de adultos jovens, entre 30 e 40 anos, que desejam investir em um envelhecimento mais promissor, feliz e funcional. Estamos entrando na era da prevenção, antes restrita aos cardiologistas por conta da alta prevalência de eventos cardiovasculares em adultos”, destaca Ana Carolina.

De acordo com a médica, as maiores preocupações relatadas pelos pacientes estão relacionadas ao descontrole de doenças pré-existentes e à busca por formas de evitar o surgimento de novas condições de saúde. O foco é entender como manter essas doenças sob controle para que não se agravem ou causem limitações a longo prazo.

Como alcançar a longevidade

Se o desejo é viver mais e com qualidade de vida, é preciso saber como atingir tal objetivo. A receita, porém, envolve um conjunto de medidas individuais, de profissionais de saúde e do poder público.

Primeiro envolve a adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação nutritiva e balanceada, a prática de atividades físicas regularmente, cuidados com a saúde mental e com as relações ao redor, consultas periódicas, vacinação em dia, entre outras atitudes que preservam o bem-estar.

Somado a isso, é importante a mobilização de médicos e outros agentes de saúde para ações preventivas e que contribuam para a detecção precoce de doenças.

“Existem muitas delas que passam silenciosas e quando a pessoa sente algo é tarde demais. O diabetes é um exemplo clássico. No começo, não se sente nada, mas aos poucos gera problemas aos rins, aos olhos, na circulação e, eventualmente, a pessoa entra em diálise, o que faz com que a pessoa perca sua capacidade e possa pegar uma infecção – aumentando sua chance de morrer”, sinaliza Vasserman.

Por fim, Crenitte reforça a importância de políticas públicas que assegurem o acesso à população a alimentação de qualidade, a espaços onde ela possa praticar exercícios físicos, além de centros de saúde onde ela possa cuidar de seu corpo e mente.

“A partir de uma visão intersetorial profunda, que garanta dinheiro, verba, direitos e acesso, então, com certeza, teremos uma vida muito mais saudável para todos. Uma sociedade que investe nisso vai gastar muito menos, porque essa população vai ser ativa, economicamente viável por mais tempo, vai gerar menos despesas. Incentivar uma vida saudável para ter um futuro melhor, não só para um grupo minoritário de pessoas”, finaliza Crenitte.

Cientistas descobrem gene que pode estar associado à longevidade

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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