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Comitê da Síria promete investigar massacres contra mil civis

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O Comitê criado pelo governo da Síria para investigar os massacres contra civis que ocorreram na costa Sul do país prometeu, nesta terça-feira (11), apurar todas as violações dos últimos dias que vitimaram, segundo organizações de direitos humanos, cerca de mil pessoas das províncias de Lakatia e Tartous.

A maioria das vítimas seria da minoria religiosa alauíta, uma dissidência muçulmana dos xiitas, a qual é vinculada a família do ex-presidente Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de 50 anos. 

Existe a suspeita de que os massacres tenham teor sectário e de vingança por parte de grupos que assumiram o poder no país árabe, que são sunitas e alguns oriundos de organizações terroristas como a Al-Qaeda.

Investigação

Em pronunciamento público, o porta-voz do recém-criado Comitê, Yasser Al-Farhan, afirmou que a investigação pretende apurar todas as responsabilidades, motivações e vítimas das chacinas.

“O comitê é encarregado das tarefas de descobrir as causas, circunstâncias e condições que levaram à ocorrência desses eventos; investigar as violações às quais civis foram submetidos e identificar os perpetradores; investigar os ataques a instituições públicas, pessoal de segurança e exército e identificar os responsáveis ​​por eles”, anunciou Al-Farhan por meio da agência de notícias oficiais da Síria, a Sana.

O Observatório de Direitos Humanos da Síria (ODHS) acusa agentes de segurança do governo de cometerem massacres contra civis, assassinando famílias inteiras, incluindo crianças, em resposta a uma ação de militares ligados ao antigo regime do país.

“O litoral sírio e as montanhas de Latakia vivenciaram acontecimentos dramáticos, execuções baseadas em filiação regional e sectária e violações de direitos humanos que culminaram em crimes de guerra cometidos por forças de serviços de segurança, pelo Ministério da Defesa e forças auxiliares, durante os quais centenas de civis inocentes foram mortos a sangue frio”, informou à organização.

Vídeos dos massacres circularam nas redes sociais desde a semana passada, gerando uma onda de condenações internacionais. A violência teria começado após grupos ligados ao antigo governo do país atacarem forças de segurança da atual administração, matando cerca de 100 pessoas, ainda segundo informações do ODHS.

Nessa segunda-feira (10), o Ministério da Defesa da Síria informou que a situação foi controlada. Os Estados Unidos (EUA) e a Rússia chegaram a convocar, em conjunto, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU a portas fechadas para discutir a situação do país árabe, que ainda sofre com bombardeios de Israel.

Comitê independente

O Comitê para investigar esses eventos, anunciado como independente, é formado por cinco juízes, um militar e um advogado de direitos humanos. Eles terão 30 dias para concluir a investigação. Ao final, devem “encaminhar aqueles comprovadamente envolvidos na prática de crimes e violações ao judiciário”.

O porta-voz do colegiado, Yasser Al-Farhan, informou que o Comitê terá acesso à todas as instituições sírias e que pretende entrevistar os familiares das vítimas e as testemunhas dos massacres.

“A nova Síria está determinada a estabelecer a justiça e o estado de direito, proteger os direitos e liberdades de seus cidadãos, impedir vinganças extrajudiciais e garantir que não haja impunidade”, disse Farhan.

Farhan completou que o resultado das investigações não será divulgado ao público geral, que o sigilo das fontes será garantido, e que o parecer final será apresentado apenas aos tribunais competentes.  


Presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, concede entrevista à Reuters no palácio presidencial de Damasco
10/03/2025
REUTERS/Khalil Ashawi
Presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, concede entrevista à Reuters no palácio presidencial de Damasco
10/03/2025
REUTERS/Khalil Ashawi

Presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa – Khalil Ashawi/Reuters/direitos reservados

O Comitê independente foi criado no domingo (9) pelo novo presidente síria, Ahmad al-Sharaa , que tem prometido punir agentes ligados ao governo.

“Não aceitamos que uma gota de sangue seja derramada injustamente ou que esse sangue seja derramado em vão sem responsabilização ou punição, não importa quem seja, mesmo que sejam as pessoas mais próximas de nós”, disse Sharaa, em entrevista à Reuters.

O Ministério do Interior da Síria informou, nesta terça-feira (11), que prendeu quatro pessoas que cometeram violações contra civis em uma vila costeira a partir de vídeos que circulavam nas redes sociais. “Eles foram encaminhados ao judiciário militar competente para receber sua punição”, informou a pasta.

Entenda

A Síria vive um processo de transição de regime após mais de 50 anos de governos ligados à família Assad. Uma guerra civil de 13 anos apoiada por potências estrangeiras levou à queda do governo anterior, no final do ano passado, levando ao poder grupos de diferentes correntes.

O principal deles é grupo islâmico fundamentalista Hayat Thrir al-Sham (HTS), que nasceu como um braço da Al Qaeda do Iraque e com ideologia jihadista, que promove a “guerra sante”. 

O atual presidente do país é oriundo dessa organização. Desde que assumiu o poder, Sharaa tem adotado discurso conciliador e promete respeitar os direitos e liberdades individuais de todas as minorias do país.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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