Cerca de 40 migrantes foram levadas de volta para os Estados Unidos, esta semana, da base naval na Baía de Guantánamo, em Cuba, disse uma autoridade dos EUA à CNN. Até quinta-feira (13) não havia migrantes detidos na base naval, a fonte acrescentou.
O último voo de aeronave militar para a Baía de Guantánamo foi em 1º de março, a autoridade afirmou, acrescentando que não há viagens para a base esperadas nos próximos dias.
A CNN relatou em fevereiro que os planos de abrigar migrantes em tendas no local estavam sendo interrompidos em meio a preocupações de que as estruturas não atendiam aos padrões de detenção exigidos pela Imigração e Alfândega dos EUA.
O esforço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para transferir imigrantes dos EUA para a base naval na Baía de Guantánamo, em Cuba, está sendo abalado por preocupações sobre as condições de vida do local e o caro processo de torná-lo adequado para deportados.
No mês passado, a administração tomou a medida sem precedentes de enviar migrantes para a Baía de Guantánamo em aeronaves militares dos EUA, provocando uma reação de defensores de imigrantes e um processo de grupos de defesa.
Nesta sexta-feira (14), um juiz federal ouvirá um caso sobre o uso da instalação, decorrente de uma ação movida pela American Civil Liberties Union, juntamente com outros grupos de defesa dos imigrantes.
A ação questiona se os imigrantes podem ser legalmente transferidos dos EUA para Guantánamo. Também levanta preocupações sobre as condições de vida dos detidos e o acesso limitado a advogados.
A administração já gastou cerca de US$ 16 milhões na operação, de acordo com a deputada democrata Sara Jacobs, que visitou a base na semana passada como parte de uma visita de delegação do Congresso.
“O que realmente vimos foi que há uma capacidade muito baixa lá, e é muito caro, e não consegui ver nenhuma razão operacional para usar a Baía de Guantánamo para detenção de imigrantes”, disse Jacobs à CNN. “Foi claramente só porque Donald Trump gostou da ótica.”
O Departamento de Defesa se recusou a comentar ao artigo e encaminhou outras perguntas a Imigração e Alfândega dos EUA. O Departamento de Segurança Interna não respondeu a um pedido de comentário.
Por semanas, agências federais, incluindo os Departamentos de Defesa e Segurança Interna, se esforçaram para executar a direção de Trump para se preparar para abrigar até 30 mil migrantes. A capacidade atual é de 225 pessoas, de acordo com Jacobs.
Juan Lopez-Vega, oficial da Imigração e Alfândega dos EUA que supervisiona as operações em Guantánamo, disse recentemente em registros judiciais que um total de 290 migrantes de vários países foram transferidos para a base.
No final de fevereiro, a administração deportou 177 migrantes venezuelanos — que foram mantidos na Baía de Guantánamo após serem transferidos dos EUA — para a Venezuela.
O oficial dos EUA disse à CNN que o Departamento de Defesa e o de Segurança assinaram recentemente um memorando de entendimento formalizando o papel de cada departamento e o apoio a Imigração e Alfândega dos EUA em Guantánamo.
O uso de Guantánamo também foi citado em planos para deter migrantes considerados perigosos, como integrantes de organizações criminosas, incluindo a gangue venezuelana Tren de Aragua, disse uma fonte.
O segundo funcionário dos EUA também disse que era provável que a base naval pudesse ser usada para deter integrantes do cartel. Tren de Aragua foi recentemente designada uma organização terrorista estrangeira pelos EUA.
Mas um dos pontos de discórdia enfrentados pelos funcionários tem sido tentar atender aos rigorosos padrões de detenção da alfândega americana, que descrevem os requisitos para instalações que mantêm imigrantes, e a apreensão entre os contratados devido aos desafios logísticos, disse uma fonte.
Jacobs disse à CNN que do dinheiro gasto pelo Departamento de Defesa, US$ 3,1 milhões foram usados exclusivamente na instalação de estruturas de tendas, que, no final das contas, não estavam em uso e ainda não estavam operacionais.
A partir de agora, espera-se que as tendas que foram montadas na base naval sejam deixadas para uso potencial durante a temporada de furacões, disse o segundo oficial dos EUA.
Além das tendas, o Campo VI — a unidade de detenção em Guantánamo — consiste em celas individuais com banheiros e pias e tem acesso diário a uma sala comunitária, enquanto o já existente Centro de Operações Migratórias é equipado em estilo dormitório e permite recreação ao ar livre, de acordo com documentos judiciais que descrevem as instalações.
As condições nas instalações estão sob escrutínio. Alguns detidos recusaram refeições, o que levou à perda de peso, disse o oficial militar dos EUA que supervisiona a força-tarefa encarregada das operações de detenção na Baía de Guantánamo, tenente-coronel Robert Green, em documentos judiciais.
Green também afirmou que uma cadeira de contenção foi usada seis vezes em 28 de fevereiro — cada vez por causa de detidos venezuelanos que estavam se envolvendo em automutilação.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br