Uma pintura inicial do renomado pintor austríaco Gustav Klimt (1892 – 1918), considerada perdida desde a década de 1930, está em exibição pela primeira vez desde sua recente redescoberta.
O retrato do príncipe William Nii Nortey Dowuona — representante do povo Ga na África Ocidental, na região que hoje é Gana — foi pintado em 1897 e o mostra de perfil, com pinceladas soltas de flores ao fundo. Com pouco mais de 60 centímetros de altura, o pequeno retrato está sendo exibido pela galeria vienense Wienerroither & Kohlbacher (W&K) na feira de arte TEFAF Maastricht, na Holanda, com um preço estimado 15 milhões de euros (R$ 92 milhões).
De acordo com um comunicado da instituição, a pintura emoldurada estava “muito suja”, e o carimbo de herança de Klimt era “quase invisível” quando dois colecionadores entraram em contato com a W&K em 2023. A autenticidade da obra foi confirmada pelo historiador de arte Alfred Weidinger, que a procurava há duas décadas.
Segundo o comunicado da galeria, o retrato foi leiloado a partir do espólio de Klimt em 1923 e emprestado para uma exposição em 1928 por Ernestine Klein, que havia transformado o estúdio do artista em uma vila com seu marido, Felix. O casal judeu fugiu de Viena para Mônaco em 1938, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, mas o paradeiro da pintura permaneceu um mistério até 2023.
Após extensos esforços de restauração e um acordo de restituição com os herdeiros de Klein, a obra agora reaparece ao público.
A W&K afirma que o artista pintou a obra durante a Völkerschau de Viena em 1897; as exposições Völkerschau eram mostras etnográficas de pessoas, populares na Europa dos séculos XIX e XX, dentro do contexto colonialista.
Segundo a pesquisa de Weidinger sobre a exposição, várias pessoas de Osu, local de origem do príncipe, viajaram para Viena para serem exibidas, e o retrato de Klimt provavelmente foi uma encomenda que acabou permanecendo com o artista, informou o Artnet.
O retrato de 1897 representa a mudança estilística de Klimt “em direção aos elementos decorativos”, afirmou Weidinger no comunicado à imprensa, característica marcante de seu estilo posterior.
O pintor austríaco é mais conhecido pelo casal dourado que pintou cerca de 11 anos depois em “O Beijo”, obra que atrai centenas de milhares de visitantes anualmente ao Museu Belvedere, em Viena.
No entanto, seu “último grande trabalho” — um retrato de uma mulher não identificada segurando um leque — quebrou recordes em 2023 ao ser vendido por £85,3 milhões (R$ 524 milhões) em Londres, a partir da coleção do falecido cofundador da Microsoft, Paul G. Allen. A venda não apenas superou o recorde pessoal de Klimt em leilões, mas também tornou a obra a mais cara já vendida em um leilão europeu.
No ano passado, outra pintura de Klimt, “Retrato de Fräulein Lieser”, considerada uma de suas últimas obras e também perdida por décadas, foi recuperada e vendida por €30 milhões (R$ 184 milhões).
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Fonte: www.cnnbrasil.com.br