O sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, especialista em religião, detalhou na edição especial do WW, transmitida neste domingo (27), estratégia adotada pelo papa Francisco em seus 12 anos como líder da Igreja Católica: compaixão para os distantes e correção para os próximos.
Ribeiro Neto explica que Francisco emprega uma lógica característica da Igreja: “Para os que estão vizinhos, a correção. Para os que estão longe, a compaixão”. Esta abordagem resultou em uma situação peculiar, onde aqueles afastados da Igreja se sentiam acolhidos, enquanto os mais próximos experimentavam uma sensação de cobrança.
Filho pródigo como metáfora
O sociólogo traça um paralelo entre a atitude do Papa e a parábola do filho pródigo. Nesta analogia, o filho distante recebe o amor incondicional do pai, enquanto o que permaneceu próximo é convidado a compartilhar dessa alegria. Esta dinâmica, segundo Ribeiro Neto, está no cerne da abordagem de Francisco.
A estratégia papal, no entanto, não foi isenta de controvérsias. O especialista aponta que a preocupação de Francisco com situações humanas e existenciais não tradicionalmente acolhidas pela Igreja gerou incômodo em setores mais conservadores. Estes grupos — segundo Ribeiro Neto — acreditavam que o problema contemporâneo residia na falta de rigor dentro da instituição.
O sociólogo evita classificar o debate como uma simples divisão entre progressistas e conservadores. Em vez disso, ele propõe uma análise baseada no confronto entre o “rigorismo” – a crença de que todos os problemas se resolvem com rigidez – e a “acolhida”, representada pela abordagem mais compassiva do Papa Francisco.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br