O cardeal Giovanni Angelo Becciu não participará do conclave, a votação secreta que vai eleger o sucessor do papa Francisco. Ele comunicou sua renúncia a outros cardeais quase chorando, segundo revelou a imprensa italiana.
A decisão teria sido tomada na manhã desta segunda-feira (28), após uma reunião no Vaticano. Para resolver a questão, o cardeal Pietro Parolin teria mostrado a Becciu duas cartas assinadas por Francisco.
Nesses documentos, Becciu foi formalmente excluído de participar do conclave. Entretanto, as duas cartas nunca foram publicadas e houve algumas dúvidas sobre seu valor legal.
A primeira carta possui uma assinatura quirográfica, e a segunda tem a inicial do nome do papa, “F”, na parte inferior.
Depois de conversar com diversos cardeais, o próprio Becciu teria entendido que para contestar essa decisão seria necessário contestar a própria vontade do papa Francisco e teria concordado em dar um passo atrás “para o bem da Igreja”.
Nos últimos dias, o cardeal havia dito que não poderia ser excluído do conclave porque havia sido perdoado pelo pontífice.
O encontro de esclarecimento realizado na Santa Sé nesta segunda, durante a Congregação Geral na Aula Paulo VI, teria servido para convencê-lo a não alimentar ainda mais a polêmica.
Pela quinta vez consecutiva, a congregação de cardeais ficou “paralisada” pelo caso da suspensão dos direitos do cardeal. Sua eventual presença no conclave havia se transformado no assunto predominante do encontro.
Quem é Giovanni Angelo Becciu, cardeal banido pelo papa Francisco?
Giovanni Angelo Becciu nasceu em Pattada, Sassari, na Itália, em 2 de junho de 1948.
Foi ordenado sacerdote em 27 de agosto de 1972. É formado em Direito Canônico.
Ele ingressou no serviço diplomático do Vaticano em 1º de maio de 1984, tendo servido nas Representações Pontifícias na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e Estados Unidos.
Entenda o caso envolvendo cardeal banido pelo papa Francisco
Becciu foi condenado a cinco anos e meio de prisão por peculato e fraude em 2023 em um caso envolvendo a compra de um edifício de luxo em Londres que deixou um rombo de 139 milhões de euros nas finanças do Vaticano. Ele se tornou o primeiro cardeal a ser sentenciado por um tribunal criminal da Santa Sé.
O cardeal sempre alegou inocência e entrou com um recurso que ainda está em análise. Ele está autorizado a continuar morando em um apartamento no Vaticano enquanto o processo estiver em andamento.
Antes do início do julgamento, o papa Francisco demitiu Giovanni Becciu do cargo de líder do departamento do Vaticano para a canonização de santos. O pontífice também ordenou que renunciasse aos “direitos e privilégios” de cardeal.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br