Em entrevista ao CNN 360°, a ex-deputada estadual e atual secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Valinhos (SP), Célia Leão, afirmou que o episódio em que foi retirada de um voo da companhia aérea Gol por conta de uma almofada ortopédica foi um “desrespeito à questão dos direitos conquistados”.
O caso ocorreu na quinta-feira (1°), quando a ex-deputada embarcava em um voo da companhia em Buenos Aires com destino ao Brasil, quando foi impedida de utilizar uma almofada ortopédica e, posteriormente, removida da aeronave.
Segundo Célia, que é cadeirante há 50 anos, ela informou à comissária de bordo que, por conta de sua condição, é necessário o uso da almofada, para que ela não sinta dores devido à falta de musculatura nas nádegas.
“Ainda disse a ela, a almofada não é uma almofada, é um pedaço do meu corpo… Eu preciso de um tratamento diferenciado para poder sentar em um avião, viajar confortável, viajar sem problemas, com segurança”
Célia Leão, ex-deputada estadual e secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Valinhos (SP)
A secretária ainda afirmou que solicitou quatro vezes que a comissária chamasse o comandante da aeronave para explicar a situação, mas ele não se apresentou. Segundo ela, a discussão durou cerca de 40 minutos.
“Bom, começou um debate desnecessário, ela não foi tão delicada como eu imagino que uma aeromoça deveria ser. Pedi que chamasse o comandante para entender o porquê da almofada e porquê eu tinha que sentar nela, porquê eu não tenho musculatura o suficiente na coxa e nas nádegas para ficar sentada mais que cinco minutos. Ela informou que ele não viria”
Ainda segundo a ex-deputada, ela havia viajado para a cidade quatro dias antes, no domingo (27), também com a Gol, e portando a almofada.
“Começou uma discussão infundada, uma discussão absurda. A Gol não precisava disso. Eu tinha vindo há quatro dias para Buenos Aires, estava voltando e colocando minha almofada para descer três horas depois. Começou um debate muito complicado, muito delicado e muito vexatório, porque eu já estava sentada, com o cinto de segurança colocado, meu marido ao lado, minha filha ao lado do meu marido.”
Para ela, o posicionamento da equipe foi um desrespeito aos direitos conquistados pelas pessoas com deficiência.
“Falta de conhecimento que eu não admito, é inaceitável o que aconteceu nessa aeronave […] Foi um desrespeito a mim, um desrespeito a todos os passageiros que estavam dentro da aeronave, mas foi um desrespeito à questão de direitos conquistados”.
Após o incidente, Célia Leão entrou com um pedido de tutela de urgência no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) no sábado (3). Eles solicitavam que a Gol fosse obrigada a realocá-los sem custo no próximo voo para São Paulo, garantindo acessibilidade, conforto e segurança, além do custeio de estadia e alimentação.
No entanto, a Justiça negou o pedido, com o juiz ressaltando que a solicitação não se enquadrava nas hipóteses previstas para o plantão judiciário e que a decisão anterior deveria ser objeto de recurso, não reexame no plantão.
Posicionamento da Gol
Em nota, a GOL afirmou que a ex-deputada não pôde embarcar já que a almofada utilizada para sua saúde “não estava autorizada para utilização a bordo, podendo representar risco à segurança da passageira“. Leia abaixo a nota na íntegra:
“A GOL informa que, no voo G3 7665 de quinta-feira, 01/05, entre Buenos Aires/Aeroparque (AEP) e São Paulo/Guarulhos (GRU), uma Cliente com necessidades de atendimento especial não pôde embarcar devido à ausência prévia de formulário MEDIF e ao uso de um item de apoio no assento que, segundo avaliação da tripulação e com base nos protocolos da ANAC, não estava autorizado para utilização a bordo, podendo representar risco à segurança da passageira. A Companhia lamenta os transtornos causados à Cliente e ao seu acompanhante e reforça que prestou toda a assistência necessária no momento do desembarque.
Após nova avaliação do caso, com o envio do MEDIF e liberação médica, o embarque foi autorizado para esta sexta-feira, (02/05), com todas as condições seguras e adequadas.
A GOL reafirma seu compromisso com a Segurança — valor número 1 da Companhia — e com o respeito às necessidades individuais de seus Clientes, trabalhando continuamente para aprimorar seus processos de atendimento”.
(Com informações de Beto Souza e Rafael Saldanha, da CNN)
Fonte: www.cnnbrasil.com.br