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Gripe Aviária: país pode conter disseminação rapidamente, dizem cientistas

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Após a divulgação do primeiro foco no Brasil de gripe aviária em uma granja comercial no interior do Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (16), cientistas afirmam que o país possui capacidade para manter medidas de segurança sanitária e garantir que o vírus não se espalhe rapidamente.

A confirmação do caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em Montenegro (RS) trouxe preocupação ao setor produtivo e ao mercado. O município é considerado estratégico na cadeia avícola, responsável por cerca de 15% das exportações brasileiras de carne de frango.

Segundo autoridades, medidas já foram tomadas, como abate sanitário, rastreamento de contato e eliminação de ovos, além da decretação de estado de emergência zoossanitária por 60 dias.

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) avaliam que o setor possui capacidade para intensificar os protocolos sanitários e conter a disseminação rapidamente.

Em entrevista à CNN, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, disse que o governo federal teve uma postura “firme” e “célere” na resposta ao primeiro registro do vírus da gripe aviária no Brasil.

“A posição (do governo) foi firme. A equipe técnica fez um processo bem estruturado e célere de resposta para mostrar que não há impactos em outras granjas. O desafio agora é mitigar o impacto no mercado internacional”, afirmou o parlamentar.

Segundo o Cepea, aproximadamente um terço da carne de frango brasileira é destinada à exportação. A China responde por pouco mais de 10% das compras externas, a União Europeia por cerca de 4,5% e os países do Oriente Médio, somados, representam 30% das exportações.

“É preciso aguardar os esforços da diplomacia comercial brasileira, que devem agir no sentido de atenuar a área de embargo da China e da União Europeia. Flexibilizar a suspensão total da carne de aves do Brasil, prevista em contrato, pode interessar também aos importadores, dado o impacto que seus consumidores teriam com o não recebimento do produto”, destacam.

Apenas China, União Europeia e Argentina suspenderam as exportações de carne de frango do Brasil, diz o Ministério de da Agricultura. No entanto, a nação sul-americana manteve a importação de material genético brasileira.

Contenções já foram adotadas

A propriedade afetada, com cerca de 17 mil aves reprodutoras, já teve medidas de contenção adotadas, como abate sanitário, rastreamento de contato e eliminação de ovos, além da decretação de estado de emergência zoossanitária por 60 dias.

O episódio ocorre em um momento sensível para o agronegócio. Em 2024, o Brasil foi responsável por 35% do comércio global de carne de frango, com mais de US$ 10 bilhões em exportações.

Países como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos lideram a lista de compradores e preocupam os investidores com medidas de embargos que podem ser impostas.

Segundo o CEO da Audax Capital, Pedro da Matta, o episódio já pressiona a cadeia produtiva, com reflexos nos preços, nas exportações e na necessidade de crédito emergencial por parte dos produtores.

“O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, e episódios como esse, mesmo pontuais, têm repercussão global. Já há sinalizações de que alguns países podem rever temporariamente suas importações, o que tende a gerar um excedente de oferta no mercado interno. Isso pressiona os preços de itens como ovo e frango, reduzindo a margem de lucro dos produtores”, disse.

Mesmo assim, na visão do sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos, é necessário cautela na leitura do mercado.

“Notícias como essa geralmente causam medo e chamam bastante atenção, mas é importante parar e analisar com um pouco mais de calma. O Ministério da Agricultura e a Vigilância Sanitária estão sempre atentos aos riscos de doenças, com protocolos muito claros para contenção. É do interesse tanto do governo quanto dos produtores mitigar rapidamente esses efeitos”, afirmou.

Para ele, os reflexos podem atingir principalmente empresas com forte exposição à cadeia avícola.

“Pode haver, sim, um impacto de curto prazo em empresas do setor, como a BRF, mas também existe uma grande chance de que vejamos uma sobrereação do mercado a um evento que ainda está sendo controlado”, continuou.

O momento se torna ainda mais delicado em meio ao anúncio da fusão entre Marfrig e BRF, publicado na quinta-feira (15), que também movimentou o mercado. Uma das principais operações das empresas é justamente o processamento de aves.

Nesse movimento, as ações da Marfrig subiram mais de 17% nesta sexta, enquanto as da BRF recuaram cerca de 2%, refletindo reações distintas dos investidores, especialmente em meio ao cenário de incertezas sobre a situação aviária.

Para o Cepea, a suspensão das exportações por parte da China e da União Europeia pode gerar impacto de média intensidade não somente no mercado de frango, mas também nas cadeias de carne suína, bovina e grãos, como o milho.

“O caso é muito recente e ainda é cedo para cenários mais definidos”, avaliam os pesquisadores.

O Cepea também avaliou que antes da confirmação do foco, o mercado interno de frango vinha apresentando preços firmes ao produtor e no atacado, com boa liquidez. O escoamento via exportação era um dos principais fatores de sustentação dos preços no mercado doméstico.

Vasconcellos ainda pontuou que, mesmo com embargos temporários, se o foco for contido e o Brasil mantiver transparência com os parceiros internacionais, a tendência é que os efeitos sejam limitados.

“Em casos como esse, já vimos no passado que a sobreoferta de frango no mercado interno pode levar a uma redução pontual de preços, mas ainda é cedo para qualquer projeção concreta”, pontuou.

Matta recomenda que investidores e empresas expostas ao agronegócio revisem estratégias de hedge, diversificação e acesso a linhas de crédito.

“O agronegócio segue sendo um dos motores da economia brasileira, mas episódios sanitários como esse reforçam o quanto a gestão de risco financeiro é parte essencial da sustentabilidade do setor”, destacou.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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