Nas últimas semanas, os bebês reborn — bonecos feitos à mão para se parecerem com bebês reais, conhecidos pelos seus detalhes hiper-realistas — têm ganhado notoriedade midiática e nas redes sociais.
Apesar de existir há décadas, a arte reborn chamou a atenção recentemente após algumas influenciadoras viralizarem com conteúdos feitos com suas coleções de bebês reborn. Além disso, o assunto tem gerado brigas judiciais, projetos de lei no Congresso e avisos sobre proibição de uso de direitos de mães com filhos pequenos.
Por serem hiper-realistas, esses bonecos têm um preço alto. Segundo consultas feitas pela CNN com artesãs de todo o Brasil, alguns bebês reborn chegam a custar R$ 15 mil. Mas, afinal, como essas bonecas são feitas?
As artesãs que criam os bonecos reborn são chamadas de “cegonhas”, por se referir a quem traz ao mundo os bebês hiper-realistas. Algumas trabalham sob demanda, atendendo encomendas de crianças e de adultos também, como o caso de Sara Gomes, 55.
“Desde criança sou apaixonada por bonecas. Meus pais tiveram uma fábrica de bonecas de louça, então venho de uma família criativa, que me fez despertar o interesse em criar minhas próprias bonecas”, conta à CNN. Foi em 2002, enquanto trabalhava na área de Recursos Humanos, que Sara conheceu a arte reborn e decidiu fazer um curso para aprender a técnica. Desde então, ela produz bonecos.
Para produzir um bebê reborn, são necessárias algumas etapas: a primeira é o kit, que pode ser de vinil ou silicone, com as áreas separadas do boneco: pernas, braços, cabeça, corpo, entre outras.
No caso de Gomes, com o kit em mãos, a artesã inicia seu trabalho com a preparação, etapa que inclui a limpeza, neutralização e, de acordo com o pedido do cliente, tom de pele e tamanho do bebê (se será recém-nascido ou maior).
“Então, eu começo a trabalhar nas camadas de pele do bebê: para dar profundidade e realismo, utilizo várias esponjas e faço sombreamentos, camadas de textura com diversas tintas e faço a pintura de forma realista, com tudo o que teria no corpo de um bebê real: manchinhas, veias, vincos e unhas”, explica.
Nessa etapa, a artesã também leva em consideração a encomenda do cliente: se o bebê vai ter os olhos abertos ou fechados, qual será a cor dos olhos, a cor da pele, dos lábios, entre outros detalhes.
“Para finalizar o processo de pintura, faço a selagem no corpo todo com verniz, para selar a tina e ter mais durabilidade”, explica. E, então, vem o implante do cabelo do bebê reborn, que é feito fio a fio. “É importante dizer que o cabelo é selado por dentro para permitir que seja penteado da forma correta”, conta. Por fim, é feito o implante dos cílios, também fio a fio.
“É um trabalho artesanal minucioso, muito detalhado e que, por todos esses anos, vejo o reflexo do quanto ajuda as pessoas. Eu mesma tenho clientes que estavam com depressão, e após comprarem um bebê, me relatavam a alegria de ‘brincar de boneca’ na vida adulta. E é nada mais do que isso: o resgate a brincadeiras de infância”, finaliza Gomes.
Psicóloga e artesã explicam a febre dos bebês reborn
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
