A ultradireita alemã enfrenta um desafio significativo ao se ver obrigada a formar uma coalizão com o partido União Democrata Cristã (CDU), liderado por Friedrich Merz. Segundo o analista de Internacional Lourival Sant’Anna, este movimento representa um “resultado amargo” para o partido.
Sant’Anna argumenta que, apesar das declarações contrárias, a formação de uma coalizão é inevitável. “Não existe alternativa”, afirma o analista, destacando que a negociação será provavelmente conduzida por Boris Pistorius, atual ministro da Defesa do governo, após a provável aposentadoria política do líder da ultradireita.
Crise de identidade alemã
O analista contextualiza a situação política atual com uma crise mais ampla de identidade nacional. A Alemanha, segundo ele, perdeu os três pilares que sustentavam o país:
- Energia barata: O fim do fornecimento de gás russo e o abandono da energia nuclear encareceram significativamente os custos energéticos.
- Competitividade industrial: Com a ascensão da China no mercado de veículos elétricos, as exportações e a indústria alemã foram afetas.
- Terceirização da segurança: A dependência dos Estados Unidos para proteção, motivada pelo trauma do nazismo, está sendo questionada.
Riscos históricos e econômicos
Sant’Anna alerta para os riscos associados à atual crise econômica, lembrando que a última vez que a Alemanha enfrentou uma recessão severa, nos anos 1930, resultou na ascensão do nazismo.
O analista ressalta que o orgulho alemão, antes baseado no sucesso econômico e industrial, está sendo abalado, criando um vácuo perigoso na identidade nacional.
A formação desta coalizão, portanto, não é apenas uma questão política, mas um reflexo de profundas mudanças estruturais e desafios identitários que a Alemanha enfrenta no cenário global contemporâneo.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br