O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou a tensão nas relações com os países emergentes ao ameaçar impor tarifas de até 100% sobre produtos dos membros do Brics.
A declaração, feita em tom de advertência, sinaliza um possível acirramento nas relações comerciais entre os EUA e o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Segundo o analista de economia da CNN, Gabriel Monteiro, a “temporada de ameaças” de Trump está em pleno vapor, pressionando não apenas os Brics, mas também outros países em diversas frentes.
“O ponto crucial dessas ameaças é a tentativa dos Brics de montar ou levantar uma alternativa ao dólar”, explica Monteiro.
Impacto nas exportações brasileiras
Uma eventual aplicação de tarifas poderia afetar significativamente as exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Em 2023, o Brasil exportou cerca de 6 bilhões de dólares em aço e ferro, 7 bilhões em petróleo e derivados, e 4,5 bilhões em aeronaves.
Estimativas indicam que tarifas de 25% poderiam resultar em um impacto de 5,5 bilhões de dólares na balança comercial brasileira.
O Itamaraty, por sua vez, adotou uma postura cautelosa.
A secretária-geral do órgão afirmou que Brasil e Estados Unidos “vão trabalhar mais nas convergências do que nas divergências”, sinalizando uma abordagem diplomática para evitar escaladas no conflito comercial.
Reação do mercado e perspectivas
As ameaças de Trump geram preocupações no mercado financeiro, especialmente considerando a importância dos Estados Unidos como parceiro comercial do Brasil.
No entanto, analistas ressaltam que, por enquanto, as tarifações anunciadas não foram implementadas.
É importante notar que, apesar das declarações de Trump sobre a independência econômica dos EUA, o país mantém uma balança comercial negativa desde 1975, indicando sua dependência de importações.
Em 2023, o déficit comercial americano atingiu 700 bilhões de dólares, um fator que pode moderar ações comerciais mais agressivas.
A situação permanece em desenvolvimento, com o mercado atento às próximas movimentações tanto do lado americano quanto dos países do Brics.
A possibilidade de criação de um sistema de pagamentos em moedas locais entre os membros do grupo continua sendo um ponto de tensão nas relações com os Estados Unidos.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br