O socorro aguardado há tempos por milhões de brasileiros endividados agora tem hora para chegar. O programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, uma das promessas de campanha de Lula, começa a valer em julho. Nesta primeira fase, podem participar do programa os brasileiros que ganham até dois salários mínimos e têm dívidas de até R$ 5 mil.
O anúncio da implantação do programa chega como alívio para uma importante parcela da população. Levantamento realizado pela Serasa, em abril, revela que o Brasil tem mais de 71 milhões de pessoas em inadimplência. Em relação ao mês anterior, houve um crescimento de 732 mil novos inadimplentes. De acordo com o estudo, as faixas etárias com as maiores fatias da população com nome restrito são de 24 a 40 anos e 41 a 60 anos, cada uma delas representando 34,8% do total dos inadimplentes. O valor médio de cada dívida é de R$ 1.300,00.
As principais dívidas dos brasileiros são com bancos e cartão de crédito (31%), o que revela um comportamento desesperado para honrar os compromissos com o orçamento. Com uma inflação que corrói cada vez mais o poder de compra do consumidor, o cheque especial e o cartão de crédito acabam sendo incorporados à renda. O que seria um socorro em um momento emergencial acaba se tornando um problema ainda maior por conta dos altos juros do crédito pessoal e dos cartões de crédito. É uma bola de neve que parece não ter fim.
O novo programa de ajuda aos inadimplentes depende da participação dos credores e para conseguir uma adesão expressiva a empresa credora terá garantia do Tesouro Nacional, caso o devedor não consiga honrar os compromissos. O Desenrola Brasil também prevê agilidade nas negociações, bons descontos e facilidades no pagamento.
O que os milhões de inadimplentes esperam, e a economia também, é que o programa realmente desenrole a vida dos brasileiros. Ao se livrar das dívidas, as famílias têm a chance de voltar a consumir e a tomar crédito. E somente uma economia aquecida pode gerar novas oportunidades de trabalho e renda. Mais renda para viver dignamente sem se enrolar tanto.
Rogério Araujo é educador financeiro, especialista em mercado financeiro, fundador da Roar Educacional Consultoria e líder econômico pela Harvard School.