O Brasil se comprometeu em apresentar ao Paraguai o relatório da investigação sobre as supostas ações de espionagem que desencadearam uma crise diplomática entre os países.
Os chanceleres Mauro Vieira e Rubén Ramírez Lezcano se reuniram, na quinta-feira (10), em Buenos Aires, para tratar do ocorrido.
Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (11), a chancelaria paraguaia informou que “Vieira, ao destacar os laços históricos e o forte relacionamento entre os dois países, informou que seu governo está conduzindo uma ampla investigação para esclarecer os graves fatos ocorridos entre junho de 2022 e março de 2023”.
“Concluídas as investigações pertinentes, o governo brasileiro apresentará o relatório solicitado pelas autoridades paraguaias”, acrescentou o texto.
O Paraguai ainda informou que os dois ministros das Relações Exteriores concordaram sobre “redirecionar os laços bilaterais” dos países.
O Itamaraty também compartilhou um comunicado sobre a reunião e afirmou que os chanceleres “trataram de formas para avançar na resolução de temas bilaterais, como as negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, obras de infraestrutura e questões de segurança”.
“Os ministros discutiram também as apurações em curso no Brasil para esclarecer operação de inteligência determinada previamente em relação ao Paraguai, cujos resultados serão comunicados às autoridades paraguaias tão logo sejam tornados públicos”, concluiu a chancelaria brasileira.
Suposta espionagem
De acordo com o Ministério Público do Paraguai, a ação de inteligência que teria sida promovida Abin para obter informações confidenciais relativas à negociação das tarifas de Itaipu pode constituir crime de acesso indevido a dados, a sistemas informáticos e de interceptação de dados.
A investigação buscará determinar a participação direta ou indireta da Abin em ações de intrusão e no planejamento de operações internacionais de espionagem a senadores, deputados, integrantes do corpo diplomático e da Administração Nacional de Eletricidade do Paraguai, entre outros.
Fontes ligadas ao caso disseram à CNN que a investigação já é realizada, mas que ainda está em estágio incipiente.
A suposta espionagem, que veio à tona após reportagem do portal UOL, gerou uma crise diplomática entre os países. O Paraguai considerou a ação de inteligência como uma intromissão em seus assuntos internos, e suspendeu as negociações do Anexo C do tratado de Itaipu, sobre compra e venda de energia, até que o Brasil esclareça o caso.
Em nota, o governo brasileiro afirmou que a operação havia sido autorizada em junho de 2022, no governo de Jair Bolsonaro, mas que foi deixada sem efeito assim que a atual administração tomou conhecimento do caso.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br