Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (30), o senador Rogério Marinho (PL-RN) disse esperar que o Tribunal de Contas da União (TCU) recomende o afastamento de Marcio Pochmann do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Marinho enviou um pedido ao TCU na terça-feira (28).
“Nós aguardamos confiando que o Tribunal de Contas tome a medida mais adequada e recomende o afastamento ao governo do senhor Pochmann até que nós possamos reestabelecer a normalidade desse órgão que é um órgão de governo, desculpe, um órgão de estado, e que não é um órgão de governo de ocasião”, disse o senador.
“Nós propusemos o afastamento do mandatário do IBGE como inclusive uma forma de defesa da administração pública”, continuou.
Ainda de acordo com Marinho, Pochmann é uma pessoa “muito próxima à máquina política do PT”.
“Pochmann é alguém que tem uma característica de ser um militante político”, disse. “Eu não tenho nada contra ele de caráter pessoal, mas ele é uma pessoa que é muito próxima à máquina política do PT, que tem uma posição muito clara de como o PT se comporta.”
Marinho ainda disse que, “desde o início”, a gestão do diretor o preocupava. “Mas a forma com que ele tem se comportado, inclusive esse dissenso com o corpo funcional mostra o risco de termos uma instituição desse porte aparelhada politicamente”, afirma.
Na quarta-feira (29), o presidente do instituto afirmou que críticas à gestão dele são “normais” em um regime democrático.
“Há questionamentos e resistência, que são normais numa gestão democrática. Só numa gestão democrática é possível haver manifestações. Diante do subfinanciamento, é necessário tomar decisões”, disse o mandatário em evento de lançamento do plano de trabalho do IBGE.
Entenda o impasse no instituto
Em setembro passado, uma carta sem autor, com críticas à gestão Pochmann e um pedido de exoneração do presidente do IBGE, chegou a circular entre os servidores do Instituto.
Intitulado como “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, o documento apresenta a Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+) como pivô das insatisfações dos empregados.
Segundo a carta, trata-se de “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”.
“Formalizada em sigilo por 11 meses e anunciada dois meses após sua oficialização em cartório, essa fundação gera dúvidas quanto a sua real finalidade e ao impacto que terá sobre a independência técnica e administrativa do instituto”, diz parte do texto.
Na quarta-feira (29), o Ministério do Planejamento e Orçamento e o IBGE divulgaram uma nota comunicando a suspensão temporária da iniciativa. A decisão foi tomada em comum acordo, segundo o comunicado.
Em janeiro deste ano, os diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto pediram exoneração e deixaram os cargos, devido ao descontentamento com a gestão de Pochmann.
Algumas semanas depois, outros dois diretores deixaram seus cargos: Ivone Lopes Batista, diretora de Geociências, e Patricia do Amorim Vida Costa, diretora-adjunta do setor.
Ainda em janeiro, foi divulgada uma carta — dessa vez, assinada majoritariamente por diretores e gerentes de diversas áreas — que afirmaram que a condução do IBGE por Pochmann tem um “viés autoritário, político e midiático”, e que “sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE”.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br