Quando o assunto é saúde ocular, uma das principais dúvidas gira em torno de uma possível interferência da cor dos olhos na visão. Afinal, é mito ou verdade que a tonalidade pode alterar a qualidade da vista?
Em conversa com à CNN, o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, explica que a cor dos olhos não afeta diretamente a acuidade visual, ou seja, não torna a visão melhor ou pior. No entanto, os olhos mais claros possuem menor quantidade de melanina na íris, o que pode influenciar na sensibilidade à luz e no risco de certas doenças oculares.
“Essa menor proteção pode aumentar a exposição da retina à radiação ultravioleta (UV), elevando o risco de patologias como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Portanto, embora a cor dos olhos não influencie a nitidez da visão, pode interferir na maneira como a luz é percebida e na proteção ocular contra danos ambientais”, conta.
Olhos mais claros são mais sensíveis à luz
Segundo o especialista, a sensibilidade à luz, conhecida como fotofobia, é mais comum em pessoas com olhos claros devido à menor quantidade de melanina na íris, que age como um filtro natural regulando a quantidade de luz que entra no olho. “Nos olhos escuros, a maior concentração desse pigmento absorve mais luz, reduzindo o brilho e o desconforto. Já nos olhos claros, há menos bloqueio da luz, o que permite maior penetração dos raios luminosos até a retina”, conta.
“Isso pode causar maior sensibilidade à claridade intensa, especialmente em ambientes muito iluminados ou ao ar livre em dias ensolarados. Além disso, essa menor proteção natural pode aumentar o risco de lesões na retina causadas pela exposição prolongada à radiação ultravioleta, tornando o uso de óculos escuros uma recomendação importante para pessoas com olhos claros”, detalha.
Mas afinal, o que define a cor dos olhos?
A cor dos olhos é determinada geneticamente, principalmente pelos genes OCA2 e HERC2, que controlam a quantidade e a distribuição da melanina na íris.
“A melanina é o pigmento responsável por definir a tonalidade dos olhos: olhos castanhos possuem alta concentração de melanina, enquanto olhos azuis resultam de uma baixa quantidade desse pigmento. As cores intermediárias, como verde e mel, ocorrem devido a uma distribuição variável da melanina e à interação da luz com a estrutura da íris”, explica.
A genética, de acordo com o profissional, é complexa e envolve múltiplos genes, o que explica por que filhos de pais com olhos de cores diferentes podem herdar combinações variadas. “Além disso, a percepção da cor dos olhos pode mudar conforme a iluminação, pois a forma como a luz interage com a íris pode dar a impressão de tons diferentes em determinadas condições”, acrescenta.
A cor dos olhos pode ser alterada ao longo da vida?
Lucas diz que sim, a cor dos olhos pode sofrer alterações em algumas situações. “Em recém-nascidos, especialmente aqueles de pele clara, é comum que os olhos tenham uma coloração azul-acinzentada ao nascimento devido à baixa produção de melanina. Com o passar dos meses, a pigmentação da íris aumenta e a cor definitiva se estabelece por volta dos 12 a 24 meses de idade”, diz.
“Já na vida adulta, mudanças na cor dos olhos são raras, mas podem ocorrer devido a fatores como traumas, doenças oculares e uso de certos medicamentos, como aqueles para tratamento de glaucoma que podem escurecer a íris”, comenta.
Também existem procedimentos cirúrgicos ou a laser que podem modificar artificialmente a cor dos olhos, como implantes de íris artificiais ou despigmentação da íris, porém essas técnicas ainda são controversas e podem trazer riscos, como inflamações e aumento da pressão intraocular.
Fatores que podem deixar os olhos mais sensíveis
Diferentes fatores podem potencializar a sensibilidade ocular, indo além da exposição à luz intensa. Entre eles, está a síndrome do olho seco, pois a deficiência na produção ou qualidade da lágrima pode gerar irritação e desconforto, tornando os olhos mais sensíveis a fatores ambientais.
“Alergias oculares também podem aumentar a sensibilidade, causando coceira, vermelhidão e maior resposta a estímulos como vento e poluição. Procedimentos oftalmológicos, como cirurgias refrativas e cirurgia de catarata, podem gerar uma fotossensibilidade temporária até que a recuperação seja completa”, conta Tiago.
Já o uso excessivo de telas digitais é outro fator importante, pois a exposição prolongada à luz azul de celulares e computadores pode levar à fadiga ocular e aumentar a percepção de sensibilidade. Doenças oculares como uveíte, ceratite e conjuntivite podem intensificar a resposta dos olhos à luz e a outros estímulos.
Como manter os olhos saudáveis e protegidos?
A manutenção da saúde ocular depende de uma série de cuidados preventivos diários. Veja abaixo os cuidados básicos:
- O uso de óculos de sol com proteção UV é fundamental para evitar danos à retina e ao cristalino, prevenindo condições como catarata precoce e degeneração macular;
- A lubrificação ocular adequada, seja por meio do piscar frequente ou do uso de lágrimas artificiais, ajuda a evitar o ressecamento e a irritação dos olhos;
- Evitar coçar os olhos é outro cuidado essencial, pois esse hábito pode causar microlesões na córnea e aumentar o risco de desenvolvimento de ceratocone;
- Uma alimentação rica em antioxidantes, como vitamina A, luteína e ômega-3, contribui para a proteção da retina e a prevenção de doenças oculares degenerativas.
- É indispensável realizar consultas oftalmológicas periódicas para detectar precocemente condições como glaucoma, catarata e erros refrativos, garantindo um acompanhamento adequado da saúde visual ao longo da vida.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br