O advogado Marcus Vinícius Figueiredo, que defende o general Mario Fernandes no processo que apura suposta trama golpista após a eleição de 2022, disse à CNN que o cliente não era interlocutor de ninguém.
“O general Mario Fernandes não tinha ligação direta com nenhum dos personagens. Tanto é que isso está revelado na própria denúncia. Ele não participou de nenhuma reunião envolvendo essa suposta minuta de 142. Isso é fato controverso. Se ele tivesse esse poder, que todo mundo está dizendo que ele tem, me parece que ele poderia chegar às portas abertas com o presidente e não chegava”, completou.
O general é dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Na denúncia, ele é apontado como integrante do núcleo de radicais que defendiam o golpe. Sob poder dele, a Polícia Federal encontrou a minuta do chamado “Plano Punha Verde Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes.
“Esse documento nunca foi entregue a absolutamente ninguém. Ele é uma minuta”, justificou Figueiredo, que afirma que Mario Fernandes nunca defendeu golpe de Estado.
Provas colhidas pelos investigadores apontam que o documento veio de uma impressora do Palácio do Planalto e, depois, levado ao Palácio da Alvorada para ser apresentado ao então presidente Jair Bolsonaro (PL). O advogado nega: “se ele tivesse que entregar algo, faria no próprio Planalto”.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, destaca a pressão “ostensiva” de Fernandes para que Bolsonaro desse um golpe de Estado. Segundo Cid, ele tinha contato direto com manifestantes que pediam uma intervenção militar. Inclusive, a PF encontrou fotos dele, em uma das manifestações, armazenadas na nuvem do computador que foi apreendido.
Impedimento
A defesa do general Mario Fernandes pediu para o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), ser impedido e declarar suspeição, ou seja, parcialidade para julgar a denúncia.
“Teve relação direta com o fato. Ele aprofundou essa relação com os fatos. Ele emitiu juízo prévio de valor, sempre com o máximo de respeito. O ministro disse que ali se trata de golpe, foi orquestrado um golpe, teve um planejamento, ele fala de uma linha do tempo. Se ele já emitiu um juízo de valor, qual é a visão diferente dele hoje?”, questionou o advogado.
Nesse contexto, a defesa não acredita que a sentença esteja pronta. “Se é antidemocrático que aconteceu, me parece muito mais antidemocrático não se permitir a quem se defende o poder de interferir em quem julga. Ou a democracia é séria para tudo ou só é séria para uma parte”, finalizou.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br