Uma dieta tradicional da região do monte Kilimanjaro, na África, causada efeitos muito mais saudáveis do que a alimentação ocidental, conforme aponta um estudo conduzido pelo Centro Médico da Universidade Radboud e pela Universidade KCMC, da Tanzânia.
A pesquisa publicada na quinta-feira (3) na revista Nature Medicine aponta que a dieta ocidental aumenta a inflamação, reduz a resposta do corpo a patógenos e ativa sinais ligados a doenças cardiovasculares e diabetes. Por outro lado, quem mantém uma alimentação rica em vegetais, fibras e fermentados reduz consideravelmente as substâncias inflamatórias.
O estudo, que alega ter sido o primeiro a analisar os impactos de uma dieta tradicional africana na saúde, reuniu 77 homens saudáveis de áreas urbanas e rurais da Tanzânia divididos em três grupos:
- o primeiro comeu a dieta do Kilimanjaro e, depois, trocou para a alimentação ocidental por duas semanas;
- o segundo comeu a dieta ocidental e, depois, trocou para a alimentação tradicional por duas semanas;
- o terceiro bebeu uma bebida fermentada feita de banana, o mbege, diariamente.
- o quatro, um grupo controle, manteve seus hábitos alimentares normais.
“Pesquisas já foram feitas anteriormente sobre outras dietas tradicionais, como a japonesa ou a mediterrânea“, diz o clínico Quirijn de Mast, do Centro Médico da Universidade Radboud. “Mas também podemos aprender muito com a comida africana, especialmente agora que o estilo de vida está mudando rapidamente e as doenças relacionadas ao estilo de vida estão aumentando rapidamente. A África também tem uma grande diversidade de dietas tradicionais, o que oferece oportunidades únicas para entender melhor como a nutrição afeta nossa saúde.”
O que tem na dieta tradicional do Kilimanjaro?
No estudo foram comparados dois cardápios. Para representar a dieta ocidental, os pesquisadores montaram uma dieta com carne (diariamente), pizza, arroz branco, macarrão, batatas fritas, ovos, pão branco, panquecas e poucos vegetais e frutas. A dieta tradicional da região do Kilimanjaro, no norte da Tanzânia, por sua vez, era rica em vegetais e frutas, feijão, arroz integral, carne limitada (duas vezes por semana) e produtos fermentados.
“A dieta africana é rica em vegetais, frutas, feijões, grãos e produtos fermentados. Agora mostramos como esses produtos alimentícios tradicionais são benéficos para a inflamação e os processos metabólicos do corpo”, declarou De Masta.
“Ao mesmo tempo, mostramos o quão desfavorável é uma dieta ocidental pouco saudável. Contém principalmente produtos processados e altamente calóricos, como batatas fritas e pão branco, com muito sal, açúcares rápidos e gordura saturada. A inflamação está na raiz de muitas doenças crônicas e é por isso que este estudo também é importante para os países ocidentais.”
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Fonte: www.cnnbrasil.com.br