Os Estados Unidos suspenderam o planejamento e a realização de operações cibernéticas ofensivas contra a Rússia.
A informação foi inicialmente reportada pelo site jornalístico The Record e confirmada pela CNN com um funcionário de alto escalão dos EUA.
A pausa nas operações do Comando Cibernético dos EUA, vinculado ao Exército, ocorre no momento em que o governo de Donald Trump busca distensionar as relações com a Rússia, três anos após o início da guerra russa contra a Ucrânia.
Na sexta-feira (28), Trump e o vice-presidente JD Vance repreenderam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, lançando incertezas no relacionamento EUA-Ucrânia.
A suspensão é “um grande golpe”, disse o funcionário ouvido pela CNN, pois o planejamento para tais operações leva tempo e pesquisa para ser realizado.
A maior preocupação, segundo o funcionário, é que a pausa nas operações cibernéticas ofensivas contra a Rússia torne os EUA mais vulneráveis a potenciais ataques cibernéticos russos.
Os Estados Unidos reconhecem que a Rússia dispõe de um quadro de hackers capaz de interromper a infraestrutura crítica dos EUA e coletar inteligência sensível.
“Não é incomum que o Pentágono pause ações que são potencialmente desestabilizadoras ou provocativas para negociações, incluindo operações cibernéticas”, disse Jason Kikta, um ex-oficial do Comando Cibernético, à CNN.
“Mas se uma pausa no planejamento (de operações) também for feita, isso pode fazer com que as opções ofensivas se tornem obsoletas e, portanto, inviáveis”, acrescentou.
O governo de Vladimir Putin vê o ciberespaço como uma fonte de vantagem sobre os EUA, pois pode se infiltrar na infraestrutura crítica americana e tentar influenciar as eleições no país.
Por sua vez, hackers militares e de inteligência americanos têm perseguido cada vez mais, nos últimos anos, cibercriminosos e agentes de inteligência russos.
Desde 2016, quando a Rússia usou bots, trolls e hackers para tentar influenciar a eleição a favor de Trump, Moscou tem repetido esse manual de alguma forma em todas as eleições presidenciais dos EUA, de acordo com autoridades americanas.
O Comando Cibernético foi estabelecido há mais de uma década, em parte para responder às ameaças da Rússia e de outras potências estrangeiras.
O comando amadureceu consideravelmente desde sua criação, evoluindo para uma força com milhares de operadores que conduzem missões ofensivas e defensivas.
De sua base em Fort Meade, Maryland, ao lado da Agência de Segurança Nacional, o Comando Cibernético também se tornou cada vez mais uma ferramenta de projeção de poder dos EUA, enviando especialistas para aliados ao redor do mundo.
Em dezembro de 2021, houve uma viagem de especialistas à Ucrânia, em antecipação à invasão da Rússia ao país, para ajudar o governo ucraniano a se preparar para uma onda de ataques cibernéticos russos.
Meses após a invasão da Rússia, o Comando Cibernético confirmou que estava ativamente envolvido em ajudar a Ucrânia a se defender de ataques cibernéticos.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br