A disputa comercial entre Estados Unidos e China ganha novos contornos com as recentes medidas protecionistas anunciadas pelo governo de Donald Trump. O professor Marcus Vinicius de Freitas, especialista em relações internacionais, analisou os possíveis impactos dessas ações para a economia global.
As novas tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses, assim como as medidas retaliatórias da China, eram esperadas, segundo o especialista. “Os chineses se manifestaram como era esperado, dizendo que a cada ação dos Estados Unidos haverá uma reação por parte da China”, afirmou Freitas.
Impactos na inflação e no consumidor americano
Embora Trump afirme que as medidas não afetarão significativamente a inflação, há preocupações sobre o impacto no bolso do consumidor americano. O professor explica: “Se não houver um fornecedor que consiga substituir no mesmo preço e modalidade aqueles produtos que vêm da China, eventualmente isso vai ter um custo e será refletido em toda a cadeia produtiva norte-americana e também para o consumidor”.
A capacidade de substituir produtos importados será crucial para determinar o impacto inflacionário. Considerando a atual dependência dos EUA em relação à China, é provável que haja consequências para o poder aquisitivo do consumidor americano.
Estratégia chinesa e competitividade global
O especialista destaca que a China tem respondido de forma estratégica, focando em produtos de alta tecnologia: “Os chineses optaram por investir em produtos com tecnologia mais elevada, de maneira que os Estados Unidos não conseguiriam sobreviver sem o acesso às tecnologias que os chineses estão desenvolvendo”.
Além disso, a China tem buscado alternativas para contornar as barreiras americanas, como exportar para os EUA a partir de outros países não incluídos na lista de tarifas.
Oportunidades para o Brasil
O cenário de disputa entre EUA e China pode criar oportunidades para o Brasil, especialmente no setor agrícola. Com as barreiras impostas aos produtos americanos pela China, o Brasil pode se beneficiar ao oferecer alternativas.
No entanto, o professor alerta: “O Brasil precisa ser esperto o suficiente para se mover rapidamente e oferecer para os chineses a substituição rápida daquilo que eles estariam comprando dos Estados Unidos”. Ele também ressalta a importância do país estar preparado para possíveis retaliações americanas caso aproveite essas oportunidades.
A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo continua a moldar o cenário econômico global, com implicações significativas para diversos países, incluindo o Brasil. A habilidade de navegar neste ambiente complexo será crucial para as nações que buscam proteger seus interesses econômicos e comerciais.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br