O exército israelense afirmou na sexta-feira (21), horário local, que um dos corpos liberados pelo Hamas não pertencia a nenhum dos reféns mantidos em Gaza, acusando o Hamas de violar um cessar-fogo já fragilizado.
Dois dos corpos foram identificados como o bebê Kfir Bibas e seu irmão de quatro anos, Ariel, enquanto um terceiro corpo, que supostamente seria a mãe deles, Shiri, não correspondeu a nenhum refém e permaneceu não identificado, afirmaram os militares.
“Isso é uma violação de extrema gravidade pela organização terrorista Hamas, que tem a obrigação, segundo o acordo, de devolver quatro reféns mortos”, disse o exército em um comunicado, exigindo a devolução de Shiri e de todos os reféns.
A família do refém Oded Lifshitz informou, em um comunicado, que seu corpo foi formalmente identificado.
Não houve uma reação imediata do Hamas.
Entrega dos corpos
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu havia prometido vingança contra o Hamas após o grupo liberar os restos do que afirmou serem quatro reféns, incluindo os de Kfir e Ariel, os mais jovens dos sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023.
Integrantes do grupo entregaram quatro caixões negros em uma exibição pública cuidadosamente orquestrada enquanto uma multidão de palestinos e dezenas de militantes armados do Hamas assistiam, criando um espetáculo que foi condenado pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
Os supostos restos mortais dos meninos, da mãe deles e de Lifshitz foram entregues sob o acordo de cessar-fogo em Gaza alcançado no mês passado com o apoio dos Estados Unidos e a mediação do Catar e do Egito.
Israelenses se alinharam à beira da estrada, na chuva, perto da fronteira com Gaza, para prestar suas homenagens enquanto o comboio com os caixões passava.
“Estamos aqui juntos, com o coração partido. O céu também está chorando conosco e oramos para ver dias melhores”, disse uma mulher, que se identificou apenas como Efrat.
Em Tel Aviv, pessoas se reuniram, algumas chorando, em uma praça pública em frente ao quartel-general de defesa de Israel, conhecida como Praça dos Reféns.
“Agonia. Dor. Não há palavras. Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão despedaçados”, disse o presidente Isaac Herzog.
Em um discurso gravado divulgado após a entrega dos restos dos reféns, Netanyahu prometeu eliminar o Hamas, dizendo que “os quatro caixões” obrigaram Israel a garantir “mais do que nunca” que o ataque de 7 de outubro não se repetisse.
“O sangue de nossos entes queridos está gritando para nós do solo e nos obrigando a acertar contas com os despresíveis assassinos, e vamos fazer isso”, disse ele.
Ao longo do conflito de 16 meses, autoridades israelenses afirmaram repetidamente que o Hamas seria destruído e que os aproximadamente 250 reféns sequestrados durante o ataque liderado pelo Hamas em outubro de 2023 seriam devolvidos.
Durante a entrega de quinta-feira (20), um militante estava ao lado de um cartaz mostrando caixões cobertos com bandeiras israelenses. O cartaz dizia: “O Retorno da Guerra = O Retorno de Seus Prisioneiros em Caixões”.
O chefe da ONU, Guterres, condenou “a exibição de corpos e o desfile dos caixões dos reféns mortos da maneira vista nesta manhã, o que é abominável e aterrorizante”, disse seu porta-voz, Stephane Dujarric.
Ele afirmou que a lei internacional exige que os restos sejam entregues de uma maneira que garanta “respeito pela dignidade dos mortos e de suas famílias.”
Fonte: www.cnnbrasil.com.br