Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel, é o título da quinta exposição da FGV Arte, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. A mostra reúne mais de 300 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e documentos históricos.
Com ênfase na produção artística afro-brasileira, a exposição apresenta diferentes perspectivas de representação cultural, evidenciando a pluralidade e a riqueza da arte produzida por grandes nomes como Aleijadinho, Mestre Athaíde e Mestre Valentim, e criações contemporâneas de Rosana Paulino, Felippe Sabino, Lucia Laguna e Sérgio Vidal, entre outros.
A mostra tem curadoria de Paulo Herkenhoff e João Victor Guimarães e fica em exibição até agosto de 2025. O acesso à galeria é gratuito e a exposição terá uma programação educacional, incluindo palestras, minicursos, seminários e oficinas. Segundo Guimarães, a mostra homenageia Mestre Valentim, Rubem Valentim e Emanoel Araújo.
“Temos um entendimento de que a produção da arte brasileira se alimenta da produção das artes afro-brasileiras que estão há alguns séculos se construindo, embora nem sempre ocupando os espaços devidos e correspondentes à qualidade, destreza e magnitude dessas produções”, afirmou o curador adjunto.
Paulo Herkenhoff, em sua curadoria, destacou a justaposição e a complexidade histórica da arte afro-brasileira, trazendo uma abordagem que não esconde o período escravista do país.
“A exposição foi concebida como um tecido que se expande e se entrelaça, conectando diferentes tempos, territórios e perspectivas. A mostra transita desde o pano da costa, elemento presente nos rituais da vida africana, até esculturas históricas que dialogam com a ancestralidade”, disse Herkenhoff.
A literatura brasileira também tem destaque em Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel. Além da homenagem a Machado de Assis, composta de um retrato e de um manuscrito, a escritora Carolina Maria de Jesus tem reproduzido, em uma parede inteira, o conhecido diálogo com Clarice Lispector, retratado por Paulo Mendes Campos.
Amplitude geográfica
A concepção de culturas afro-brasileiras, no plural, foi pensada pelos curadores de acordo com as diferenças geográficas. A coletiva reúne artistas e pensadores que fundamentam o que se pode compreender como afro-brasilidade no plano nacional. Segundo João Victor Guimarães, a prioridade é destacar artistas fora do mercado sudestino, como os artistas baianos e nordestinos:
“Nós temos obras de artistas de diversos estados do Brasil. As identidades afro-brasileiras se manifestam de diferentes formas em diferentes regiões. Então, atendendo a esse entendimento, buscamos uma ampliação geográfica para a exposição. Além, claro, da destreza técnica, da coerência da produção, da relevância de cada artista, porque nós entendemos que são desses trabalhos que a exposição é feita”, completa Guimarães.
Além da pluralidade territorial, a mostra se preocupa em resgatar do esquecimento artistas historicamente marginalizados no circuito artístico. É o caso, como afirmou Paulo Herkenhoff, da tela inédita da artista gaúcha Maria Lídia Magliani, My baby just cares for you, nunca exposta ao público.
Serviço
Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel
Quando: Terça a sexta, das 10h-20h, sábado e domingo, das 10h-18h; Em cartaz até agosto de 2025
Onde: Praia de Botafogo, 190.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br