O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ganhou um prazo de 60 dias para se defender no processo de cassação de seu mandato, após um acordo firmado com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Com essa decisão, Braga encerrou uma greve de fome que durou oito dias.
“Estou nesse momento suspendendo a greve de fome que anunciei há nove dias. Essa suspensão — depois de dialogar com os movimentos e conversar muito em uma reunião que durou bastante tempo — vem depois de um compromisso que foi assumido pelo presidente da Câmara”, afirmou Glauber em entrevista coletiva.
O parlamentar vem alegando ser vítima de perseguição política e afirma que o processo de cassação seria uma retaliação por conta de pautas que ele defende. O caso teve início após uma agressão a um integrante do MBL que fazia perguntas ao deputado durante uma gravação de vídeo na Câmara.
Próximos passos do processo
O próximo passo será na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Braga tem até o dia 22 de abril para apresentar um recurso solicitando a reavaliação do parecer do deputado Paulo Magalhães, relator do processo de cassação.
A bancada do PSOL planeja se reunir com o presidente da CCJ, deputado Paulo Azi, na próxima terça-feira (22). Além disso, um grupo de juristas e religiosos deve dialogar com Azi e Hugo Motta, buscando um desfecho favorável ao deputado.
Caso o processo avance para o plenário da Câmara, serão necessários 257 votos para aprovar a cassação. Com o prazo estendido, Braga e seus aliados terão mais tempo para articular politicamente e tentar evitar a perda do mandato.
Desafios para manter o mandato
Analistas políticos avaliam que Braga enfrentará dificuldades para manter seu mandato se não conseguir uma articulação bem-sucedida, inclusive com setores mais à direita do espectro político.
O PSOL, partido do deputado, tem limitada interlocução com essas alas, o que pode complicar a busca por apoio. A estratégia do partido será argumentar que a punição de cassação é desproporcional ao ato cometido, buscando sensibilizar os demais parlamentares
Contudo, o governo federal demonstrou certo apoio a Braga, com visitas de ministros durante sua greve de fome. No entanto, ainda não está claro até que ponto o Executivo interferirá nessa situação.
Glauber Braga afirma que o processo de cassação de seu mandato não é motivado pelas suas ações contra o manifestante do MBL, mas sim por declarações suas contra o orçamento secreto. De acordo com o deputado, a ação contra ele é fruto de uma articulação política do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Fonte: www.cnnbrasil.com.br