Uma laparostomia é uma cirurgia em que o abdômen é completamente aberto, permitindo ao cirurgião ter acesso aos órgãos internos para diagnosticar e tratar condições que não foram previamente identificadas através de exames de imagem. Nos dias de hoje, cada vez mais ela é substituida pela vídeo-laparoscopia, em que em vez de se abrir a cavidade abdominal completamente, são abertas pequenas entradas para introduzir o laparoscopio (pequeno aparelho com uma câmera de vídeo, que permite a visualização interna) e os intrumentos necessários para as incisões internas.
O termo “exploratória” reforça justamente seu uso para investigar algo que não se tem certeza do que é dentro do corpo do paciente, ou seja, realizar um diagnóstico. No caso de Jair Bolsonaro, a localização exata da obstrução intestinal que causou sua distenção abdominal. Uma vez identificado o problema exato, a cirurgia pode continuar a fim de também já sanar o problema diagnosticado.
Quais são as indicações de uma laparostomia?
De acordo com o site Medscape, página norte-americana voltada ao compartilhamento de conteúdo para atualização de médicos e outros profissionais de saúde, a laparotomia exploratória costuma ser indicada nos seguintes casos:
- Dor abdominal de início agudo e achados clínicos sugestivos de patologia intra-abdominal necessitando de cirurgia de emergência;
- Trauma abdominal com hemoperitônio e instabilidade hemodinâmica;
- Dor abdominal crônica;
- Estadiamento da malignidade ovariana e da doença de Hodgkin;
- Sangramento gastrointestinal obscuro;
- Doenças mais raras.
Por que realizar uma laparostomia em Bolsonaro?
O gastroenterologista Alexandre Carlos, médico-assistente do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-FMUSP), explica o motivo para os médicos optarem pela técnica: “por conta da complexidade do caso, a laparatomia exploradora permite que o cirurgião acesse a cavidade com maior facilidade e o tempo de cirurgia seja menor”, destaca à CNN.
Etapas da laparostomia
Conforme explica o artigo científico dos especialistas Maria de Fátima Tazima, Yvone de Andrade Vicente e Takachi Moriya, publicado no simpósio Fundamentos em Clínica Cirúrgica, a laparostomia geralmente é composta pelas seguintes etapas:
- Laparotomia – abertura cirúrgica da cavidade abdominal;
- Exploração da cavidade abdominal para avaliar a extensão da patologia e para identificar outras possíveis patologias não diagnosticadas previamente;
- Realização da cirurgia propriamente dita;
- Inventário ou revisão da cavidade abdominal para que se tenha certeza de que a cirurgia está completa e bem feita e para verificar se não foram esquecidos corpos estranhos na cavidade (compressas,gazes, agulhas, etc);
- Fechamento da cavidade.
Como é a recuperação após uma laparostomia?
A recuperação após uma laparostomia é maior do que posteriormente a uma vídeo-laparoscopia, a incisão demora, em média, seis semanas para cicatrizar. Ela deixa também uma cicatriz no abdômen, que com o tempo tende a desaparecer. O retorno à atividades físicas pode demorar alguns meses e a força abdominal tende a levar dois anos para se restabelecer completamente.
Riscos do procedimento
Como qualquer cirurgia, a laparostomia não é isenta de risco. De acordo com a clínica de referência norte-americana Cleveland Clinic, os principais riscos de uma laparostomia são:
- Lesão não intencional em órgãos próximos.
- Sangramento excessivo de vasos sanguíneos lesionados.
- Infecção de ferida e cicatrização retardada.
- Áreas de dormência permanente devido a danos nos nervos.
- Hérnias no local da incisão ou onde o músculo foi dividido.
- Tecido cicatricial interno que pode interferir nos seus órgãos (aderências abdominais).
- Obstrução intestinal devido a aderências abdominais.
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Fonte: www.cnnbrasil.com.br