O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, está a caminho de garantir um mandato completo de quatro anos, com a mídia canadense projetando uma vitória dos liberais nas eleições federais desta segunda-feira (28).
As afiliadas da CNN, CTV e CBC, projetaram que os liberais conquistariam cadeiras suficientes para formar um novo governo.
Com os votos ainda sendo contados, a CBC News disse que é muito cedo para dizer se será um governo minoritário ou majoritário — um partido precisa de 172 cadeiras para formar uma maioria.
Carney, ex-banqueiro central, liderou uma onda de sentimento anti-Trump desde que venceu a disputa pela liderança de seu partido com uma vitória esmagadora, após a renúncia do ex-primeiro-ministro, Justin Trudeau, no mês passado.
Ele liderou a oposição do Canadá às ameaças do presidente dos EUA de anexar o país como “o 51º estado” e fez da defesa do país um ponto central de sua plataforma.
“Rejeito qualquer tentativa de enfraquecer o Canadá, de nos desgastar, de nos destruir para que a América possa nos dominar”, disse Carney a repórteres no final de março. “Somos donos de nossa própria casa”, acrescentou.
A oposição conservadora, liderada pelo veterano parlamentar Pierre Poilievre, era a favorita para vencer quando Trudeau anunciou sua renúncia em janeiro, após pesquisas eleitorais desfavoráveis, uma crise de custo de vida e conflitos em seu gabinete.
Mas as tarifas pesadas de Trump sobre o Canadá e as ameaças à sua soberania transformaram drasticamente a disputa.
As pesquisas se estreitaram significativamente na última semana de campanha, com Poilievre convencendo alguns eleitores de que Carney não representava a mudança que muitos canadenses diziam estar buscando em dezenas de pesquisas.
Carney nunca havia ocupado um cargo político antes de se tornar primeiro-ministro. Suas décadas no setor financeiro o levaram a conduzir governos em grandes crises globais e períodos de turbulência, incluindo a condução da economia canadense durante a crise financeira de 2008.
Como governador do Banco da Inglaterra, ele ajudou o Reino Unido a navegar pelo Brexit – o que, segundo ele, reflete o que poderia acontecer com os EUA diante das tarifas.
A ideia de que o Canadá precisa trilhar seu próprio caminho fora da influência americana tem sido central na mensagem de Carney desde que assumiu o cargo.
Carney se apresentou durante toda a campanha como um profissional experiente do centro político, capaz de administrar a economia canadense em um período de turbulência.
“Eu entendo como o mundo funciona”, disse Carney ao podcaster Nate Erskine-Smith em outubro.
“Conheço pessoas que administram algumas das maiores empresas do mundo e entendem como elas funcionam. Sei como as instituições financeiras funcionam. Sei como os mercados funcionam… Estou tentando aplicar isso em benefício do Canadá”, explicou Carney.
A decisão de Trump de cobrar uma taxa de 25% sobre o aço e o alumínio canadenses, carros e autopeças, e as ameaças de tarifar produtos farmacêuticos e madeira abalaram as empresas canadenses.
É uma realidade que Carney não escondeu, alertando para “dias difíceis pela frente” com pressão sobre o emprego canadense.
O primeiro-ministro prometeu “reconstruir coisas neste país” para tornar o Canadá menos dependente dos EUA: novas casas, novas fábricas e novas fontes de “energia limpa e convencional”.
“Minha promessa solene é defender os trabalhadores canadenses, defender as empresas canadenses”, disse Carney em março.
“Defenderemos nossa história, nossos valores e nossa soberania.”
Mark Carney, primeiro-ministro canadense.
Carney não descartou a continuidade das negociações com Trump, mas também tem se empenhado em aprofundar os laços com aliados mais “confiáveis”.
Em uma atitude incomum, sua primeira viagem como primeiro-ministro ao exterior foi à Europa, onde conversou com autoridades francesas e britânicas sobre o aprofundamento dos laços de segurança, militares e econômicos.
Muitos canadenses veem Carney como alguém bem posicionado para navegar em uma guerra comercial com um aliado de longa data, dizem especialistas.
“Em uma crise, é importante nos unirmos e é essencial agir com propósito e força. E é isso que faremos”, disse Carney no início deste mês, ao se posicionar como o líder para enfrentar Trump.
Em atualização.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br