O cenário internacional tem passado por profundas transformações nos últimos anos, marcadas pelo enfraquecimento do multilateralismo e pela ascensão de políticas unilaterais. De acordo com o coordenador-geral do Grupo de Análise de Estratégia Internacional em Defesa, Segurança e Inteligência da Universidade de São Paulo (DSI-USP), Alberto Pfeifer, o retorno de Donald Trump tem impacto significativo nas relações globais.
Segundo Pfeifer, o mundo atual é caracterizado por uma menor ordem nas relações internacionais, com organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacioal) e Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) perdendo relevância e eficácia.
“Hoje, o mundo é o mundo mais do estado nacional, do país, do unilateralismo”, afirma o especialista, ressaltando que cada nação busca estabelecer sua própria agenda com base em seus recursos e poder intrínsecos.
Para Pfeifer, um dos desenvolvimentos mais significativos no tabuleiro internacional é a aproximação entre Rússia e China. Ele destaca a recente visita do presidente chinês, Xi Jinping, a Moscou, “onde os laços econômicos, estratégicos e militares entre os dois países foram aprofundados”.
“Paralelamente, os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, têm buscado fortalecer relações com países do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar”, ressalta.
O conflito entre Índia e Paquistão também é mencionado como um ponto de virada, com o Paquistão emergindo vitorioso graças ao uso de equipamentos militares chineses, avalia o coordenador do DSI. Segundo Pfeifer, este evento estabelece “um novo paradigma no combate aéreo”, demonstrando uma vantagem tecnológica chinesa sobre o Ocidente.
Europa: o ator escanteado
Em meio a essas mudanças, a União Europeia encontra-se em uma posição delicada. Pfeifer observa que os europeus estão “escanteados quanto às cartas que são jogadas no tabuleiro internacional”, enfrentando desafios como a situação na Ucrânia e a necessidade de aumentar investimentos em defesa, especialmente com a redução da participação orçamentária dos Estados Unidos.
O especialista conclui destacando a complexidade e o dinamismo do cenário atual, com novas alianças se formando e tensões econômicas entre potências como Estados Unidos e China se arrefecendo. Este “embaralhar de cartas” no tabuleiro internacional promete continuar trazendo novos desafios e oportunidades para os atores globais nos próximos anos.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br