A França e o Reino Unido propuseram uma trégua parcial de um mês entre a Rússia e a Ucrânia que incluiria ataques aéreos, marítimos e a infraestruturas energéticas. O acordo não incluiria combates terrestres, disseram o presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu ministro das Relações Exteriores.
Os comentários foram feitos em meio a uma onda de diplomacia europeia destinada a reforçar o apoio ocidental à Ucrânia, após uma reunião tensa entre o presidente Volodymyr Zelensky e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira (28).
“Essa trégua nas infraestruturas aérea, marítima e energética nos permitiria determinar se o presidente russo, Vladimir Putin, está agindo de boa fé quando se compromete com uma trégua. E é aí que as negociações de paz reais poderiam começar”, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, nesta segunda-feira (3).
Segundo a proposta, as tropas terrestres europeias só seriam enviadas para a Ucrânia em uma segunda fase, disse Macron em uma entrevista publicada no Le Figaro na noite de domingo (2).
“Não haverá tropas europeias em solo ucraniano nas próximas semanas”, disse Macron, segundo o Le Figaro, enquanto voava para Londres para uma reunião de líderes europeus, convocada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para avançar nos esforços na elaboração de um plano de paz para a Ucrânia.
“A questão é como usaremos este tempo para tentar obter uma trégua, com negociações que levarão várias semanas e depois, uma vez assinada a paz, um envio (de tropas)”, disse Macron.
O presidente francês não detalhou como as infraestruturas aéreas, marítimas e energéticas poderiam ser monitoradas.
“A meu ver, isso só será possível com a Otan ou pelo menos com o comando da Otan e depois com os sistemas Patriot, mísseis de longo alcance e aviação, que a Ucrânia não possui”, disse um diplomata europeu. “E é preciso negociar com a Rússia para que ela não realize ataques massivos.”
O Kremlin, que rejeitou a ideia de tropas ocidentais serem enviadas para a Ucrânia, disse nesta segunda-feira que o confronto no Salão Oval entre Trump e Zelensky mostrou quão difícil seria chegar a uma solução para o conflito na Ucrânia.
Zelensky, questionado se tinha conhecimento do plano mencionado por Macron, disse aos repórteres em Londres: “Estou ciente de tudo”.
Nesta segunda-feira, porém, o ministro das Forças Armadas do Reino Unido, Luke Pollard, recusou-se a confirmar as ideias transmitidas por Macron e Barrot, dizendo: “Esse não é um plano que reconhecemos atualmente”.
“Certamente há uma série de opções diferentes sendo discutidas em particular entre o Reino Unido, a França e os nossos aliados neste momento. Provavelmente não é certo para mim neste momento comentar sobre cada opção individual à medida que elas ocorrem”, disse Pollard à BBC.
Starmer disse no domingo que os líderes europeus concordaram em elaborar um plano de paz para a Ucrânia para apresentar aos Estados Unidos, sem entrar em detalhes.
Enquanto isso, as partes nas negociações para formar o novo governo da Alemanha estão considerando a criação rápida de dois fundos especiais no valor de centenas de bilhões de euros, um para defesa e um segundo para infraestrutura, disseram à Reuters três pessoas com conhecimento do assunto.
Economistas que aconselham os partidos que provavelmente formarão uma nova coligação governamental estimam que são necessários cerca de 400 bilhões de euros para o fundo de defesa.
A acalorada discussão de sexta-feira na Casa Branca entre Zelensky e Trump aumentou o sentimento de urgência em Berlim para agir mais rapidamente nos gastos para a própria defesa da Alemanha e para a Ucrânia, disseram as fontes.
Os líderes da União Europeia se reunirão para uma cúpula extraordinária no dia 6 de março para discutir apoio adicional à Ucrânia, garantias de segurança europeias e como pagar pelas necessidades de defesa europeias.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br