A canonização é a última etapa do reconhecimento de alguém como santo pela Igreja Católica. Para alcançar este título é preciso que a pessoa tenha tido uma vida em conformidade com a fé católica e virtuosa.
Após as devidas indicações e protocolos dentro da instituição religiosa, inicia-se o processo de beatificação – etapa antes da canonização. Para ser beato é preciso ter um milagre comprovado e para ser santo ao menos mais um – essa segunda condição não é necessária, caso a pessoa tenha sido vítima de um martírio.
No entanto, há algumas exceções e cada caso pode ter avaliações específicas dependendo do papa que está no poder no momento.
“Hoje, a Igreja tenta construir uma documentação, principalmente quando há um relato de milagre. E o que é o milagre? É um ato miraculoso realizado pelas mãos desse santo que orou, que intercedeu e aí acontece a cura de alguém”, exemplifica o historiador e teólogo Gerson Leite de Moraes, que também é professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Contudo, a Igreja Católica reconhece o milagre só depois de consultar uma equipe médica. Se houver uma explicação científica para a cura de uma pessoa não é possível reconhecer o milagre.
A aprovação desses dois processos – beatificação e canonização – são necessariamente avaliados pelo Vaticano e pelo papa.
O papa Francisco, eleito pontífice em 13 de março de 2013, tem um pontificado marcado por grandes canonizações e beatificações. Segundo o Dicastério das Causas dos Santos, do Vaticano, até março de 2025, Francisco já fez 929 canonizações.
Para este ano, estão marcadas mais duas canonizações: a do britânico Carlo Acutis – o padroeiro da internet e conhecido como santo influencer – e a do italiano Pier Giorgio Frassati.
“O que se pode afirmar é que Francisco tem procurado mostrar para os católicos que santificação não é algo fora da realidade do cristão, deve ser algo presente no dia a dia daquele que pratica a fé cristã. Então, o objetivo é mostrar para os católicos que a santidade é algo possível. Você pode praticar as virtudes teologais. Quais são as virtudes teologais? A fé, a esperança e o amor, caridade. Essas virtudes acabam produzindo de fato uma vida santa. E essa vida santa inspira outras pessoas”, continua Gerson Leite.
Veja abaixo quais os brasileiros que o pontífice argentino já canonizou e beatificou desde que assumiu o papado:
De acordo com As Obras Sociais Irmã Dulce (uma entidade filantrópica), Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes ou Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador, na Bahia.
A freira teve a vida marcada pelos serviços dedicados à comunidade carente e pela relação com Deus e morreu em 13 de março de 1992.
Conforme o Vatican News, portal de notícias da Santa Sé, o processo para a canonização de Dulce teve início em 2000. A Irmã Dulce foi beatificada em 2011 pelo papa Bento XVI e em 13 de outubro de 2019 foi feita a cerimônia de canonização da Santa pelo papa Francisco.
Ainda segundo o portal, o primeiro milagre atribuído a ela reconhecido pelo Vaticano teria acontecido em 2001. Após orações para a irmã, uma mulher que estava sofrendo com uma forte hemorragia durante 18 horas teve o sangramento interrompido sem explicações científicas para o caso.
O segundo milagre foi a cura de um homem cego há mais de 14 anos que, do dia para a noite, voltou a enxergar após pedir em oração para Dulce em 2014.
- Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu
Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram canonizados pelo papa Francisco em 15 de outubro de 2017 na Praça de São Pedro.
Em breve relato do coordenador do Fórum Nacional de Turismo Religioso ao Vatican News, os martírios teriam acontecido em 1645 no Rio Grande do Norte após a invasão de calvinistas holandeses.
Dentre eles – muitos não identificados -, estariam o padre André de Soveral, o padre Ambrósio Francisco Ferro e o sacristão Mateus Moreira, conforme informações do Vatican News.
Segundo o Vatican News, o padre José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534 na Espanha e, após problemas de saúde, se mudou para o Brasil em 1553, trabalhando como catequista de indígenas. Ele morreu em 9 de junho de 1597.
O padre foi beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e foi canonizado pelo papa Francisco em 24 de abril de 2014 em Roma.
Apontado como “Apóstolo do Brasil”, São José de Anchieta teve milhares de graças atribuídas a ele, sendo uma figura bem popular, conforme aponta o Vatican News. A canonização dele é equipolente, ou seja, quando se é considerado santo sem necessariamente cumprir com todos os requisitos impostos pela Igreja Católica.
Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962 em Minas Gerais. A vida dela, segundo conhecidos e relatos do Vatican News, foi sempre ligada à fé católica.
Em 1982, ela foi assassinada por um homem que tentou violentá-la sexualmente.
O martírio dela foi reconhecido pelo papa Francisco em 2020 e ela teve a cerimônia de beatificação em 10 de dezembro de 2022, segundo o Vatican News.
A mártir Benigna Cardoso da Silva, de Santana do Cariri, no Ceará, foi beatificada no dia 24 de outubro de 2022 pela Igreja Católica.
A beata brasileira nasceu em 15 de outubro de 1928 e foi assassinada aos 13 anos, no dia 24 de outubro de 1941, após ele ter tentado estuprá-la.
Símbolo da luta contra a violência à mulher, Benigna se mostrou durante a sua breve vida próxima aos ensinamentos de Deus e interesse em se aproximar Dele.
- Beato Donizetti Tavares de Lima
O padre Donizetti Tavares de Lima nasceu em 3 de janeiro de 1882 em Minas Gerais e morreu em 16 de junho de 1961 em São Paulo.
O milagre atribuído ao padre teria acontecido após a reza de uma mãe que tinha um filho com o pé torto desde o nascimento. No dia seguinte, o menino andou com os pés apoiados no chão, segundo relato do portal de notícias do Vaticano.
Em 23 de novembro de 2019 foi declarado beato pelo papa Francisco.
O padre e missionário João Schiavo nasceu em 8 de julho de 1903 na Itália.
Ele foi enviado para o Brasil quando jovem e se dedicou à formação de religiosos, conforme apurações do Vatican News.
Ele morreu em 27 de janeiro de 1967.
O milagre para a beatificação dele foi a cura de um homem que apresentava um quadro de trombose venosa superior aguda, envolvendo todo o intestino delgado.
Padre João foi beatificado em 28 de outubro de 2017.
- Beato Francisco de Paula Victor
O padre Francisco de Paula Victor nasceu em 12 de abril de 1827 em Minas Gerais. Ex-escravo, Francisco era conhecido pelo seu comprometimento e entrega a Deus. Ele morreu em 23 de setembro de 1905.
O milagre dele, conforme de acordo com o que aponta o Vatican News, teria sido a gravidez de uma mulher que, por laudos médicos, não poderia engravidar.
Ele foi beatificado em 14 de novembro de 2015.
- Beata Maria Assunta Caterina Marchetti
Madre Maria Assunta nasceu em 15 de agosto de 1871 na Itália.
Conforme noticia a CNBB, ela veio para o Brasil em 1895 e dedicou sua vida a cuidar de órfãos. Ela morreu em 1° de julho de 1948 em São Paulo.
O milagre atribuído à madre foi a cura de um rapaz com morte cerebral, segundo a CNBB.
Ela foi beatificada no dia 25 de outubro de 2014.
Segundo registros do portal de notícias da Santa Sé, Francisca de Paula de Jesus, filha de escrava e conhecida como Nhá Chica, teria nascido em 1808.
Nhá Chica era devota a Deus e vista como conselheira pela comunidade em que vivia, propagando a fé e dedicando seu tempo aos mais pobres. Ela morreu em 14 de junho de 1895.
O milagre atribuído a ela teria sido o desaparecimento de um problema no coração de uma mulher após esta ter rezado à Nhá Chica, de acordo com o site da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Ela foi beatificada no dia 4 de maio de 2013 em uma cerimônia presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, enviado pelo papa Francisco, conforme noticia o Vatican News.
*Sobre supervisão de Gina Marques e Derla Cardoso
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
