A canção “Lift Every Voice and Sing”, frequentemente chamada de “hino nacional negro” nos Estados Unidos, será interpretada pela cantora Ledisi, neste domingo (11), no Super Bowl LIX, em Nova Orleans.
Será o quinto ano consecutivo em que a música fará parte da cerimônia do principal evento da National Football League (NFL).
A inclusão do hino no evento tem sido alvo de críticas e ameaças de boicote por parte de setores conservadores desde que a liga passou a utilizá-lo em 2020, no contexto dos protestos contra o racismo que ganharam força após o assassinato de George Floyd por um policial em Minneapolis.
“Hino nacional negro” foi escrito há 125 anos
A canção foi originalmente escrita como um poema em 1900 por James Weldon Johnson, então líder da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP).
Mais tarde, foi musicada e tornou-se um hino do Movimento dos Direitos Civis nas décadas de 1950 e 1960, sendo entoada em manifestações por justiça e igualdade racial. Um dos versos mais emblemáticos diz: “Vamos marchar até que a vitória seja conquistada.”
Super Bowl contará com diversas performances musicais
A apresentação de “Lift Every Voice and Sing” acontecerá antes do início do jogo, marcado para 20h30 (de Brasília). Em seguida, o hino nacional dos Estados Unidos, “The Star-Spangled Banner”, será cantado por Jon Batiste, enquanto Trombone Shorty e Lauren Daigle interpretarão “America The Beautiful”.
Além disso, o show do intervalo será protagonizado pelo rapper Kendrick Lamar.
Apesar da tradição, alguns perfis nas redes sociais voltaram a defender um boicote ao Super Bowl devido à inclusão da música, que críticos alegam ser divisiva.
“Ameaças de boicote são perturbadoras e desrespeitosas”
Entre os opositores mais conhecidos estão a ex-candidata ao Senado pelo Arizona, Kari Lake, a jornalista Megyn Kelly e o político Matt Gaetz, ex-candidato a procurador-geral. Até o momento, nenhuma figura de grande projeção manifestou publicamente oposição ao hino este ano.
O reverendo Lennox Yearwood Jr., presidente da organização de direitos civis Hip Hop Caucus, criticou as tentativas de boicote.
“Essas ameças de boicote por conta de uma canção tão importante são perturbadoras, desrespeitosas e de mau gosto — reforçando exatamente por que ‘Lift Every Voice and Sing’ continua tão relevante hoje como sempre foi,” declarou Yearwood em comunicado.
NFL sob pressão por decisões ligadas à justiça social
A performance do hino ocorre em um momento em que o programa de justiça social da NFL, lançado em 2020 com um compromisso de US$ 250 milhões ao longo de 10 anos para combater o racismo e apoiar comunidades afro-americanas, enfrenta críticas.
Nesta semana, a liga recebeu fortes críticas por retirar o slogan “End Racism” (Fim do Racismo) das end zones do Super Bowl, substituindo-o por “Choose Love” (Escolha o Amor).
A presença do ex-presidente Donald Trump no Super Bowl LIX também gera expectativas, já que sua gestão revogou diversas iniciativas de diversidade, equidade e inclusão que haviam sido defendidas por jogadores da liga.
O legado de Colin Kaepernick
A NFL continua lidando com as repercussões dos protestos iniciados em 2016 pelo ex-quarterback Colin Kaepernick, que ajoelhou durante o hino nacional para protestar contra a injustiça racial. O gesto inspirou atletas de várias modalidades e ficou conhecido como “O Efeito Kaepernick”.
Em 2018, a Nike transformou Kaepernick no rosto de uma campanha publicitária, reforçando sua imagem como símbolo da luta por igualdade racial. No entanto, desde que se tornou agente livre em 2016, ele nunca mais voltou a jogar profissionalmente na NFL.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br